sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Feliz dia das crionças

Feliz dia das crionças
 

O  Sol aparecia  às cinco horas da manhã e a Maria Justa não tinha pena de suas treze crioncinhas , e nos arrastava das redes bem cedim ..
O papai chegava junto com o Tupã, da bodega do seu João com os braços carregados de muitos pães e leite Betânia,o café exalando um cheiro forte e adocicado no ar .
Ai meu Deus, já ...
E o vucu vucu era intenso , a guerra era travada na porta do único banheiro que era enorme ,mas era só um , e não tomávamos banho juntos ,impossível ,era pecado mortal ,eis o motivo da contenda matinal .
Após a comilança todos se espalhavam rumo aos seus destinos educacionais, alguns iam pro Santo Antonio de Pádua , outros pro Liceu , as moças para a Escola Normal , o primogênito pro Colégio Militar de Fortaleza ,eu e o caçula ainda na Escolinha do 23º BC .
Nossa fardinha impecável,de anarruga quadriculada azul e branca,linda bem limpinha ,éramos dois docinhos ,dois anjinhos , perto da mamãe ...
Mas longe de seus domínios , éramos duas pestes ,e nesse dia não queríamos ir para a Escolinha .
O dia estava chuvoso.

É chuvoso !
No ceará chove ...
Pelo menos lá no litoral da nossa Fortaleza, Terra da Luz chove mesmo ,e como chove ...
Na esquina do Beco do Pecado ,na Rua Antenor Frota Wanderley tinha uma poça d'água ,e o André pensou o que eu pensei , leu meus pensamentos e me empurrou na lama , ensaiei um falso choro .
Burra, me empurra também ,assim não vamos pra Escolinha !

Então empurrei ele, com gosto de vingança, e lá estávamos enlameados...
E assim voltamos chorando pra casa .
Chorando saltitantes de alegria .
E a mamãe ficou irada com o motorista do ônibus do Itaoca, que nos deu esse banho de lama .
Cabra ruim que molhou os bichim ,amanhã espero ele no ponto ...
E amanhã será outra história .

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

As vezes me admiro , mas, na maioria das vezes , me assombro ....
De repente uma nuvem veio
os céus tornaram-se densos
os ventos revolveram-se frenéticos .
A brisa parou
o ar cessou
o mar secou .
O Mundo calou
a chuva cessou
a seca acordou ...
Ouviu-se um choro
um novo rebento
nasceu ao relento ...
De repente outra nuvem tornou
os céus tornaram-se calmos
os ventos abrandaram
A brisa refrescou-se
o ar fluiu
o mar ondulou .
O Mundo sorriu
a chuva voltou
a seca parou .
Ouviu-se um canto
um novo rebento
abençoado nasceu .
Mas um cavalo alado
o levou para longe
para um mundo
feito de cores
Um
mundo
sem
dores ...


Adriana Noronha