quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Raízes 

O quê seus olhos vêem ?
Num simples tronco esquecido e sem uso ?
Metaforicamente ...
Vejo minha jornada de vida .
Claro que excluindo as boas coisas que vivi e que ainda possuo ...
Por vários anos acreditei não existir o mal .
Mas isso foi quando era criança ...
A adolescência foi cruel , mamãe me avisou .
CUIDADO ...!
E eu claro me armei com a Divina Couraça Divina .
E o tempo passou.
O mal acordou , sobrevoou minha vida novamente ,mas eu já era adulta,e apesar de tudo ainda acreditava num Mundo lúdico e mágico.
E nesse buraco sem vida ,vi de novo a face do inominável.
Um rosto , uma cara , um olhar tenebroso,gélido,sem vida ,dantesco,sem expressão,diabólico,demoníaco.,insano ...
Envolto num lodo árido ,sem viço,matéria morta .
E o medo ?
Medo !
Sou semente boa,
Sou filha de Deus
Sou filha de Francisco e Maria.
E assim renasci
Podia estar dormente
Mas germinei novamente...
E minhas raízes crescerão firmes e esmagarão essa face inoportuna
e serei livre.
Serei eu ,
serei livre de todo mal.
Serei livre de tu .
Adriana Noronha

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Pesar

O pesar ,carregamos às costas ,
vamos seguindo nosso rumo ,nossa lida,
passando por caminhos em que outrora fomos felizes.
O pesar está ali,bem ali,no surrado coração,a liberdade é efêmera, vivemos presos,vivemos realmente presos...
O inferno são os outros ? 
E eu sou santa ?
E tu és o vilão ?
O pesar nos pesa na alma.
Calma,calma meu coração,vou te aliviar,folgar teu nó,deixar tu viver ,
vou de tu ter dó.
Vou carregar o meu pesar na mão .
Quero te aliviar tirar de tu a solidão.
Minha mente voa,vou à toa , sou a fria garoa ,minha Lua é morna , e o Sol não me esquenta ,ele com seus raio minha saudade aumenta.
Vai, não inventa , Levanta e tenta .
O pesar pode pesar pouco,seja tu ,seja rouco ,seja louco,mas nunca ,nunca seja oco .
Não tenha medo da sorte,adie sua morte,seja mais nobre,seja forte,mesmo que te faltem forças.
Ouças o som do trovão .
Esse som vem do seu coração.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Santa mãe de nós

Estamos agora tão longe dela ...
E naquele cortejo todos e todas tão bonitos e bonitas 
bem vestidos .
Juntos ,pelo menos naquele momento ...
Rezando e ouvindo o sermão , todos contritos e falando como gostavam dela ,
o quanto era maravilhosa, uma mãe querida ,uma avó perfeita ,uma esposa devota ,sogra gentil ,uma tia adorável digna de todas as honras e louvores .
E muitos ,muitos abraços e sorrisos ...
Um picadeiro armado chamado velório onde todos se reúnem , quase todos ,faltou o caçula .
Por quais caminhos ele estava ?
Que não pudesse correr a esse último encontro ...
E quem somos nós para julgá-lo , por certo somos todos santos .
A matriarca sempre foi austera ,por muitas vezes megera ,manipuladora dos destinos alheios , opressora ,descobria um santo para cobrir outro , retaliadora , ciumenta , pragmática e nos criou a mão de ferro .
Seu maior desgosto não devo citar , sua maior qualidade , a generosidade, nunca foi dissimulada , dizia na cara mesmo ,orgulhosa muito orgulhosa .
E cantava sempre sorrindo para nos embalar em vida .
Sua morte não a torna SANTA .
Mas a sua alma torna-se livre e vai pairar num infinito desconhecido .
Então aos que a amaram ,aos que algumas vezes a desrespeitaram ,aos que a veneraram talvez para se redimir dos pecados ,aos que a admiravam e aos seus filhos e filhas ,tenham tolerância ,sinceridade ,benevolência ,para que nossa familia não abra falência
E que Deus dê a nossa mãe um bom lugar .
Ela agora é Santa ...
Santa mãe de nós , seus filhos e filhas .



Vento amigo do tempo 

O que dizer de você ?
O que falar da Senhora de todos nós ?
Nada .
Nada pode nessa hora fazer .
Onde estais agora ? 
Por quais caminhos seguiu, teu espírito incansável, teu espírito dominador ,tua voz altiva,tuas palavras ferinas, tuas doces palavras , tua sagacidade em identificar o mal,tua índole controversa,teu amor, teu clamor ,teu rancor, tuas preces,tuas vestes.
O absoluto tu encontrastes ?
Ou absolutamente não existe mais vida alem da vida ?
E nós teus filhos e filhas ?
Ainda somos nós ?
Somos não !
Somos cão !
Não somos mais nós .
Somos sós .
Orfãos de pai e principalmente de mãe .
O vento amigo do tempo nos espalhou , espatifou-se aquela união , agora é cada um por si ,tamo juntos mais não .
O mais velho se foi .
A preferida virou-me as costas .
A poderosa voou .
Ainda tenho o justo perto de mim .
A de cabelos cacheados mora longe .
O artista esqueceu as cores da vida .
O motorista gosta mais da preferida .
A Colega fica entre a cruz e a espada.
Esse desmanchou a vida e ainda não a refez .
O irmão pacato cidadão se foi , ceifado pelo inominável .
O fortão sempre foi um fraco .
Eu , eu sou a Ovelha Negra .
O caçula trancou-se em seu mundo transcendental .
E assim será ...
Até que um de nós tenha a audácia , a astúcia , a coragem de reunir todos de novo , não num funeral ...
Mas nos reunirmos de novo no nosso encantado quintal , naquela mesa antiga que nos juntou por anos sem fim .
Um sonho impossível ?
Ou um sonho sonhado junto ?
O tempo amigo do vento ,pode um dia nos juntar novamente ?
Adriana Noronha