sexta-feira, 22 de junho de 2018

Ei, vem cá,
deixa de digitar
vem vamos ver o tempo,
vamos sentir no rosto a brisa suave do vento.
Vamos lembrar que existe vida, além dessas teclas enlouquecidas
vem dedilhar as coisas reais da vida, vem tocar um violão
sai dessa louca visão cibernética
frenética
sai dessa solidão.
Vem lembrar, da bicicleta, daquele arranhão, do joelho acabado,vem correr na chuva,
lembrar da boneca de pano, do carrinho de rolimã, das brigas inocentes na rua,
da casinha de bonecas, do guisado nas panelinhas de barro, do jogo com bola de meia...
Sai dessa prisão que esta nas tuas mãos, do modelo super top, dos  jogos vorazes, dos nudes de inocentes crianças, tira da tua vida essa lança, nesse mundo virtual nada tu alcança, lança mão dessa terrível aliança.
Vem lembrar dos tempos de criança,
vamos contar aquelas belas estrelas, tu não olhas mais pra cima nem pra frente, só olhas o que te cegas a mente, esta envergando tua coluna, tu faz parte do mundo dos dementes virtuais, tua juventude agora jaz.
Sai desse mundo virtual, vem ver nas ruas o carnaval, do trânsito observa o sinal, vê ao teu redor as pessoas de coração pulsante, vem ser de novo da vida um amante,  sobe naquele mirante, e vislumbra o Sol, a Lua a tua rua, a namorada encantada, vem lembrar dos contos de fada, vem lembrar da vida.
Quando passas por mim, nem um acesso fervoroso, somente um oi naquele dispositvo de última geração, tu é muito importante não tem tempo de sequer olhar e muito pior ler os livros da estante.
Tu tens cinco mil amigos, é super popular nas redes, tuas postagens tem milhões de acesso, tu é um fenômeno de sucesso.
Mas sempre volta pra casa sozinho, quando chega não abre a janela, teu cachorro não late, teu gato se foi, não acendes a luz, não fazes mais o sinal da cruz, e assim tua vida na web é, e tua rede na varanda sempre está vazia, a solidão da modernidade não te deixas sair dessa vibe, sair do involucro de fibras óticas que te cega pra vida.
Ei, vem cá,
deixa de digitar
vem vamos ver o tempo,
vamos sentir no rosto a brisa suave do vento.
Vamos lembrar que existe vida, além dessas teclas enlouquecidas
vem dedilhar as coisas reais da vida, vem tocar um violão
sai dessa louca visão cibernética
frenética
sai dessa solidão.