Não chorei
Para ir pra casa eu rodava alguns quilômetros , e depois pegava
uma reta chamada 116 , e ai era só alegria , as paisagens eram
tão familiares , atravessava o São Francisco e pedia suas bençãos,
Bahia , Pernambuco ,Paraíba dai o ar ficava mais limpo ,mais cheio de
vida até que eu lia BEM VINDO AO CEARÁ .
Meu coração se abria à vida , se abria ao mundo , ao meu mundo e assim
foi por três décadas , tempo em que fiquei indo e vindo ao meu torrão natal .
E agora como será voltar ?
O caminho tornou-se turvo , uma reta cheia de curvas traiçoeiras , pirambeiras , chuva ácida , buracos , placas caídas , tempo nublado , trânsito perigoso ,blitz ,
e uma placa opaca apagada .
Mil e quarenta talvez um pouco mais me separavam daquele lugar mágico minha
morada de outrora , cheia de gente , um pai , uma matriarca , muitas frutas , muita fartura ,cães , gatos ,crianças correndo a panela chiando e um perfume de terra molhada .
A casa que vovô morou , papai herdou ,e depois pra nós ficou , cento e sessenta metros de pura alegria , éramos os donos do mundo , as crianças mais alegres ,
nunca vivemos como passarinhos e nem tivemos gaiolas , nossos corações corriam livres ,soltos ...
Sempre ao chegar ,ela ali estava a nos esperar ao portão , e ao nos ver abria um sorriso largo e farto , a comida na mesa o suco dos nossos cajus , e nada a deixava mais feliz , que ver sua prole ali ao redor da antiga mesa ...
Não sei quando retornarei , pois sei que hei de não te ver ao portão , no fogão ,
embaixo da mangueira ...
Onde vou te procurar ?
Ainda não chorei !
Não há lágrimas , não há nem um pingo de choro ...
Aprendi a não chorar ?
Eu vi meus irmãos e irmãs chorando .
Eu não ,eu não chorei , ainda não chorei .
Onde escondi minha tristeza ?
Quando vou chorar ?
É tão fácil imaginar que ela esta lá , que tudo esta do mesmo jeito , a casa cheia de gente ,um pai , ela , muitas frutas , muita fartura ,,cães ,gatos ,crianças correndo a panela chiando e o perfume de terra molhada ...
Minha aparente alegria esconde minha maior tristeza , minha maior tristeza é não ter chorado , como doravante sei que não chorarei ...
Deus foi misericordioso com ela e comigo , ela se foi eu fiquei , o tempo acordou e a levou ,eu agora sou livre , posso voar ,posso flanar em meus pensamentos só
posso ir lá ...
Talvez quem sabe um dia ,lá chegando eu reaprenda a chorar ...
A distancia terrena acabou , mas a proximidade das almas tornou-se real ,eu
te acho em meus sonhos , e não me assombro .
O que em meus sonhos posso ver , em meu coração sentir , a morte uniu dois mundos , juntou nossos caminhos ...
Dormir agora é te sentir , te ouvir , mas nunca te tocar !
Talvez um dia eu chore ,e ai sim estarei realmente livre dessa dor que ora se esconde no meu coração .
uma reta chamada 116 , e ai era só alegria , as paisagens eram
tão familiares , atravessava o São Francisco e pedia suas bençãos,
Bahia , Pernambuco ,Paraíba dai o ar ficava mais limpo ,mais cheio de
vida até que eu lia BEM VINDO AO CEARÁ .
Meu coração se abria à vida , se abria ao mundo , ao meu mundo e assim
foi por três décadas , tempo em que fiquei indo e vindo ao meu torrão natal .
E agora como será voltar ?
O caminho tornou-se turvo , uma reta cheia de curvas traiçoeiras , pirambeiras , chuva ácida , buracos , placas caídas , tempo nublado , trânsito perigoso ,blitz ,
e uma placa opaca apagada .
Mil e quarenta talvez um pouco mais me separavam daquele lugar mágico minha
morada de outrora , cheia de gente , um pai , uma matriarca , muitas frutas , muita fartura ,cães , gatos ,crianças correndo a panela chiando e um perfume de terra molhada .
A casa que vovô morou , papai herdou ,e depois pra nós ficou , cento e sessenta metros de pura alegria , éramos os donos do mundo , as crianças mais alegres ,
nunca vivemos como passarinhos e nem tivemos gaiolas , nossos corações corriam livres ,soltos ...
Sempre ao chegar ,ela ali estava a nos esperar ao portão , e ao nos ver abria um sorriso largo e farto , a comida na mesa o suco dos nossos cajus , e nada a deixava mais feliz , que ver sua prole ali ao redor da antiga mesa ...
Não sei quando retornarei , pois sei que hei de não te ver ao portão , no fogão ,
embaixo da mangueira ...
Onde vou te procurar ?
Ainda não chorei !
Não há lágrimas , não há nem um pingo de choro ...
Aprendi a não chorar ?
Eu vi meus irmãos e irmãs chorando .
Eu não ,eu não chorei , ainda não chorei .
Onde escondi minha tristeza ?
Quando vou chorar ?
É tão fácil imaginar que ela esta lá , que tudo esta do mesmo jeito , a casa cheia de gente ,um pai , ela , muitas frutas , muita fartura ,,cães ,gatos ,crianças correndo a panela chiando e o perfume de terra molhada ...
Minha aparente alegria esconde minha maior tristeza , minha maior tristeza é não ter chorado , como doravante sei que não chorarei ...
Deus foi misericordioso com ela e comigo , ela se foi eu fiquei , o tempo acordou e a levou ,eu agora sou livre , posso voar ,posso flanar em meus pensamentos só
posso ir lá ...
Talvez quem sabe um dia ,lá chegando eu reaprenda a chorar ...
A distancia terrena acabou , mas a proximidade das almas tornou-se real ,eu
te acho em meus sonhos , e não me assombro .
O que em meus sonhos posso ver , em meu coração sentir , a morte uniu dois mundos , juntou nossos caminhos ...
Dormir agora é te sentir , te ouvir , mas nunca te tocar !
Talvez um dia eu chore ,e ai sim estarei realmente livre dessa dor que ora se esconde no meu coração .
Adriana Noronha em Benfica, Fortaleza, Ceará

