domingo, 8 de janeiro de 2017


Panos de prato

Tudo estava calmo , o vento havia parado ,as arvores estáticas ,
e o calor queimava os arredores, a poeira passava ao longe, e nós ali confortavelmente unidos na sala , unidos pelo sangue , unidos na sala ...
E os cachorros ladram,ladram, ladram até nos chamar a atenção.
Alguém se levanta e vai ver o que é .
E porta adentro surge alguém .
Pulou a cerca ?
Pulei !
E ela só queria um lugar com gente .
E ela só queria conversar .
E ela chorou sua solidão .
E ela chorou seu abandono .
E eu só pude ouvi-la .
E eu só pude abraça-la .
E aquilo foi o bastante , lhe sorri , lhe sorri , e não enxuguei suas
lágrimas, a deixei chorar , deixei que ela jogasse fora o gosto salgado da sua solidão .
E assim acalmei seu impeto de sair sem rumo,sem direção, sair da própria vida,sair sem volta,sair de si,e não encontrar o que procura.
Acalmei seu surrado coração .
Que tal uma taça de vinho ?
Sentamos numa mesa cheia de tintas,pinceis, linhas de bordar, desenhos, papel carbono, uma máquina de custura, eu ouvindo suas histórias,enquanto pintava meus panos de prato .
E assim pintei mais um dia de minha vida,onde alguém queria apenas falar,falar e falar .
E dessa vez eu ouvi, ouvi e ouvi .
Aprendi ontem que precisamos também ouvir, justo eu, que falo mais que a mulher do leite .
Ouvi,ouvi o que realmente significa a palavra solidão ,e eu nunca, nunca mais vou deixá-la sem um simples bom dia .
Estarei sempre ali, só pra ouvir,ouvir, e ver sua solidão se esvair .

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguém que já sentou na lua.