De vez em quando, ela foge do Mundo em que vive.
E em seus sonhos volta ao Mundo das boas coisas das boas coisas.
E em seus sonhos, consegue fugir daquele lugar dantesco,
se afasta de gente de baixa estatura,e de grande prepotência,
sai de perto daquela criatura que anda no escuro da noite escura...
De cima do muro vê.
As arvores cheias de doces frutos,
o amanhecer cheio de vozes macias, risos espontâneos,
o som do trem ao longe,o chit chit da panela de pressão,
cozinhando o feijão, o cheiro do café atravessando a rua,
o vuco vuco da meninada,o gosto da goiabada, o pão quente,
a mesa gigante cheia de gente, cheia de vida, cheia de encanto.
De vez em quando ela foge do Mundo em que vive.
Um lugar inóspito que mais parece um grande Hospício, sem mar, sem flores, cheio de muitos ardores, gente que finge que não finge, gente demente, que diz a verdade mas somente, mente.
E ainda existe aquela asquerosa criatura, criatura ambulante de passos terrivelmente macios e silenciosos, na escuridão da infinita noite, noite de terror, noites de horror...
De vez em quando ela foge do Mundo em que vive.
Numa noite ela avistou um cavaleiro num cavalo alado, que à luz da Lua, ficou levemente prateado.
Estaria a menina sonhando ou sonhando estaria ?
E ele a olhou, e por ela se enamorou, e aquele lugar, se tornou mais fácil de viver, mais fácil de vencer o mal, de se sentir que ela podia ser a tal, e tal e qual foram vivendo,e a vida florescendo e o amor crescendo.
Mas nada no Mundo é perfeito, e de vez em quando ela foge do Mundo em que vive, e vai viver sua feliz vida de criança.
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Alguém que já sentou na lua.