quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Balanço

Onde mora a felicidade ?
A minha morava ali naquele quintal encantado, naquela
arvore gigante ...
Você já abraçou uma arvore ?
Nao !
Te chamariam de louco , maluco , doido mesmo .
Mas num belo dia ao acordar nosso cajueiro estava enfeitado com
um lindo balanço !
Ah !
E no balanço uma rosa Dália lilás , olhei ao redor ninguém,
ninguém mesmo ...
Mas sabia que era obra do papai ,do Seu Brasil, pois no laço da corda fornida,havia uma marquinha da graxa de suas mãos , mãos que entortava ferros ...
Mas que moldava também sonhos ...
Um balanço com uma sobra da madeira da serraria do Seu Oliveira, quase nosso vizinho, quatro furos feitos na pua, acho naquele tempo não existia serra circular,lixado no capricho...
Sentei-me , ajustei-me ,olhei pra cima e os cajús encarnados exalavam seu cheiro mágico.
Tirei meus pés do chão , e fui , fui,
fui ao mais alto de mim ...
E encostava meus dedos dos pés nas nuvens , voltava , ia de novo , vinha
voltava , ia de novo ...
E assim esquecia que o Mundo existia , envergava meu corpo para trás até sentir meus cabelos arranhando a areia do nosso quintal no Benfica.
E as nuvens passavam , a Lua vinha , o Sol alegrava e energizava
aquele lugar ...
Mas um dia veio a noite , adormeci e acordei no mundo de gigantes ,
chamados adultos , eu era um deles , e crescera ...
E os ventos vieram , misturaram tudo , e mudaram as cores do lugar ,
então parei de embalar meus sonhos ...
Mas fui feliz , e minhas lembranças me levam onde sempre estive ,
perto das nuvens !
Perto de mim e mais perto ainda de um pai que
falava pouco , mas fazia muito ...
Fazia muito e falava pouco ...
E para voltar àquele encantado lugar.
Deito na rede, e assim sonho, o sonho bom que foi viver lá...
o sonho bom de sonhar.
O sonho bom de ser menina lá na Carapinima...

Adriana Noronha

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Alguém que já sentou na lua.