sábado, 9 de maio de 2020

Se a pandemia não acabar ?

Aquele vento sombrio, a todos ceifará, ricos, pobres, fuleiros e nobres perecerão.
Quem sofrerá mais ?
O povo .
O povo não !
Eles já perecem, já estão acostumados...
Quem então ?
O político ladrão !
Aquele que só anda de avião,e se for de carro não paga a gasolina, usa sapatos de cromo alemão, paletó de fino tecido italiano, tem casa gigantesca com piso de mármore, paredes repletas de obras de arte, uma mesa farta cheia de comidas, que o pobre não come nunca viu, só ouve falar, louças finas e copos de cristal,um jardim com piscina, pra encher de meninas em casos não raros também de lindos meninos.
Aquele sombrio vento começará por baixo ?
Não, o sombrio vento nivelou foi tudo, ou todos.
Mas o povo já tá acostumado com mazelas, de manhã cedo come o pão que o outro amassou, bebe café requentado, sua prole sonha, sua mulher dorme um sono cansado,ele corre, tá atrasado, pega um trem lotado socado, empilhado, o povo gado.
A multidão sempre caminha de cangote baixo, levando seu duro fardo, sem direitos, sem respeito, sem chão pra chamar de seu...
Aquele que mora na rua, já mora na rua, tá acostumado, vez ou outra são queimados, violentados, são sempre esquecidos, desvalidos, não tem título, eles num vota, ô turma que não serve pra nada...
Voltemos ao sombrio vento, ao vento sombrio, que a cada estatística, aumenta a arrecadação que por motivo de força maior, não precisa de licitação, os engravatados metem a mão, nunca se viu tanto dinheiro nessa nação, e não é nem aquele dinheiro a fundo perdido...
Porém o povo tá indo, em valas são jogados, mães choram sem ver os corpos de filhos amados, e vice e versa, e a conversa não muda, sempre é fiada, e o povo é o fiel depositário do político famigerado, que está protegido, do povo contaminado.
E o povo vai morrendo, são só números, morrem cem, trezentos, mil, vão se amontoando entre os vivos, morrem mais, morrem e morrem.
Idosos morrem, esses votos são facultativos, tantos faz !
E os bêbes, as crianças ?
Pobres sempre fazem mais, proliferam que nem animais...
Jovens são nosso eleitorado, tudo quer votar aos dezesseis, nos elegem aqueles burros alienados, e ainda sobram os fanáticos que imaginam que por Deus somos enviados kkkkkkkkkk, pobres coitados.
Então vão morrendo um a um, o porteiro, o motorista, a cozinheira, até a enfermeira, o advogado, o biscateiro, o padeiro, o engenheiro, pai de santo , o pastor, o padre, a comadre, o amigo de infância, o cientista , o frentista, o petroleiro, o aviador, morreu até um doutor...
Todo mundo é doutor !
Doutor médico !
Só não pode morrer o eleitor, senão como vou sobreviver ?
Nunca aprendi a trabalhar.
Meu ofício é ludibriar, enganar, lucrar.
Se morrerem todos como vou a vida aproveitar ?
Não sei, seu teste chegou está ali na sua gigante sala de estar...
E assim o mundo ruiu.

terça-feira, 5 de maio de 2020

MEDO II


Acordei no meio da noite, em um lugar qualquer, não reconheci ninguém, não sabia onde estava minha alma, eu estava oca,sozinha, só havia escuridão a redondeza estava muito calma é as ruas completamente vazias .
lá longe ouvi berros, gente fugindo, caindo ao chão, caindo ao chão de antigas mazelas, de dores, de rios de fortes odores, nem sentia mais o cheiro das flores.
Estavam espalhados vários corpos inocentes, o vento espalhava o mal invisível, deixando todos doentes, e alguns de coração ausente.
Uma negra mãe chorava, e dizia que seu rebento foi arrebatado, outra mãe chorava pelo filho também ceifado, outra mãe, outra mãe e outra mãe sem nada, sem corpo, sem restos mortais, sem caixão, sem nada mais...
O medo, tomou forma, era rosado e hediondamente coroado, por dentro, tinha um vírus medonho, ornado não se sabe de quê, queria sangue senil, coisa que nunca se viu, ou se soube que existiu.
Olhei para mim, e nada vi, só vi várias sombras errantes, sombras de vida reprimida, espremida entre o mal e o mal,
e no vírus letal, muitos fizeram carnaval, e para o vírus matar era a coisa mais normal.
Me refugiei na densa bruma, clamei por ele, chamei por Deus...
Deus !
Cadê tu ?
Mamããããe vem me buscar, vem mãe , vem me salvar, não sei sair desse lugar.
Me leva de volta ao útero, me leva pra casa.
Deus, me dá asas !
Cadê meu anjo ?
O sino da igreja não dobra mais, os corpos jazem, é isso que fazem, um mar de gente caminhando para o nada, e nada dizem, nada vêem, nada vezes nada para aqueles que só queriam existir, fluir, amar e evoluir.
O medo, tomou forma, de uma coisa que nunca se viu, ou se soube que existiu.
A sombra consumiu o povo, o povo que não sabia, não sabe e não saberá a força que isso tem, e aquilo vem levando tudo à sua frente, e algumas ovelhas dementes, doentes, de coração ausente acreditam que terão o reino prometido.
Quem dera eu não ter nascido, ou quem dera tivéssemos fugido, e em outro lugar vivido, e não conheceríamos aquele mal ...
Deus !
Meus !
Teus !
Dormi, para não mais sonhar, não vi a Lua, a rua, só ouvi palavras de ordem naquela desordem de vida, vida espremida,diluída, reprimida, só restos de vida, só restos mortais, do irmão, do padeiro, do rico banqueiro, do irmão do jardineiro, Do avô do filho do filho, todos presos no lar doce lar, presos nos restos de vidas de um país inteiro.