MEDO II
Acordei no meio da noite, em um lugar qualquer, não reconheci ninguém, não sabia onde estava minha alma, eu estava oca,sozinha, só havia escuridão a redondeza estava muito calma é as ruas completamente vazias .
lá longe ouvi berros, gente fugindo, caindo ao chão, caindo ao chão de antigas mazelas, de dores, de rios de fortes odores, nem sentia mais o cheiro das flores.
Estavam espalhados vários corpos inocentes, o vento espalhava o mal invisível, deixando todos doentes, e alguns de coração ausente.
Uma negra mãe chorava, e dizia que seu rebento foi arrebatado, outra mãe chorava pelo filho também ceifado, outra mãe, outra mãe e outra mãe sem nada, sem corpo, sem restos mortais, sem caixão, sem nada mais...
O medo, tomou forma, era rosado e hediondamente coroado, por dentro, tinha um vírus medonho, ornado não se sabe de quê, queria sangue senil, coisa que nunca se viu, ou se soube que existiu.
Olhei para mim, e nada vi, só vi várias sombras errantes, sombras de vida reprimida, espremida entre o mal e o mal,
e no vírus letal, muitos fizeram carnaval, e para o vírus matar era a coisa mais normal.
Me refugiei na densa bruma, clamei por ele, chamei por Deus...
Deus !
Cadê tu ?
Mamããããe vem me buscar, vem mãe , vem me salvar, não sei sair desse lugar.
Me leva de volta ao útero, me leva pra casa.
Deus, me dá asas !
Cadê meu anjo ?
O sino da igreja não dobra mais, os corpos jazem, é isso que fazem, um mar de gente caminhando para o nada, e nada dizem, nada vêem, nada vezes nada para aqueles que só queriam existir, fluir, amar e evoluir.
O medo, tomou forma, de uma coisa que nunca se viu, ou se soube que existiu.
A sombra consumiu o povo, o povo que não sabia, não sabe e não saberá a força que isso tem, e aquilo vem levando tudo à sua frente, e algumas ovelhas dementes, doentes, de coração ausente acreditam que terão o reino prometido.
Quem dera eu não ter nascido, ou quem dera tivéssemos fugido, e em outro lugar vivido, e não conheceríamos aquele mal ...
Deus !
Meus !
Teus !
Dormi, para não mais sonhar, não vi a Lua, a rua, só ouvi palavras de ordem naquela desordem de vida, vida espremida,diluída, reprimida, só restos de vida, só restos mortais, do irmão, do padeiro, do rico banqueiro, do irmão do jardineiro, Do avô do filho do filho, todos presos no lar doce lar, presos nos restos de vidas de um país inteiro.
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Alguém que já sentou na lua.