domingo, 5 de setembro de 2021

 Quando tinha apenas cinco anos,lembro do comboio de irmãos indo para a pré escola, guiados pelo irmão seminarista, nossa fardinha azul, com camisa de anaruga quadriculadinha linda, seguíamos á pé, pela avenida da Universidade, e dobrávamos na Treze de Maio, o quarteirão da Reitoria, a concha acústica, a praça da Gentilândia, a Escola Técnica Federal, e o 23º BC, passávamos pelo seu imenso portão, o primogênito já estava lá dentro, era 3º Sargento de infantaria, o bom moço.

Nossa escolinha ficava dentro daquele quartel, ali estavámos protegidos, de quê ainda não sabíamos, mas estavámos seguros, a escola tinha guarita com soldados armados, imensas mangueiras nos protegiam no recreio, as professoras eram belíssimas, austeras, mas carinhosas.

E chegava o 7 de Setembro tão esperado por nós pequenas criaturas, eu era enfermeira, meu irmão caçula bombeiro, a irmã mais linda era fada, o outro soldado, e um quis ser mecânico, e marchávamos tão, tão alegres, que as evoluções daquela marcha, inebriava nossos pais e mães que assistiam aquele espetáculo cívico pueril.

Mais tarde no Colégio de freiras que não marchava, mas nos dava a oportunidade de irmos ao 7 de Setembro, ficar nas arquibancadas vislumbrar aquele desfile grandioso, cheio de aparato militar, a esquadrilha da fumaça fazia evoluções de fumaça multicolorida sobre aqueles homens maravilhosamente lindos dentro de suas impecáveis fardas azuis, verdes, brancas, camufladas, seguidos dos tradicionais colégios, meninos e meninas impecavelmente alinhados nas suas fardas colegiais, nem o calor do asfalto sentiam aos seus pés.

O mundo girou, os ventos vieram e agora o cenário descortinou-se, um ser abjeto transformou ou transformará o 7 de Setembro num campo minado, acredito hoje que na minha pueril idade, toda aquela magia fosse o dito CONTROLE SOCIAL, afinal naquela época existia a tal da Ditadura, que para nós crianças era apenas um nome parecido com dentadura.

Voltando ao ser abjeto que através do controle social chamado "rede social" influencia mentes, que não são ocas, são apenas mentes não pensantes, e promove um levante de futura violência, num país de pacatos cidadãos, tão pacatos que não percebem que são escravizados, por quem os governa, e envergam a coluna lombar, dorsal, cervical, demonstrando que deles são serviçais.

O povo sempre será esmagado por quem deveria e deve trabalhar para mudança de paradigmas das classes menos favorecidas, para a inserção das políticas públicas, para a evolução da ciência, para o fortalecimento da educação, e a permanência do Sistema Unico de Saúde o SUS, e para o enfrentamento de respeito ás diversidades...

Quem vai para o front ?

Enfrentar o general, que nunca foi pra geral, sempre esteve guardado no palácio pago pelo pacato povo, povo esse que irá tombar ao reivindicar seus direitos, cuidado a morte espreita a cada esquina, pode estar o seu leito, o leito de morte, a sua sorte vai ser talvez uma bala de borracha, que no meio da testa racha, e acaba com sua raça, e para as mães que apoiam esse tenebroso evento, cuidado com  a força do vento, que ás vezes vira, e acerta em cheio o seu robusto rebento.

Clamemos por paz, para não ler em uma lápide de bronze !

Aqui jaz um belo e bom rapaz. 

Ou que digam no seu velório !

Descanse em paz... 

A nossa BANDEIRA pertence a TODOS os brasileiros. 

TODOS.

 

terça-feira, 4 de maio de 2021

Da pedra ao pó


Ele é lá da caatinga,
nasceu no roçado.
Num chão que só brota granito,
e de céu ensolarado.
Um dia caminhando no pasto infértil,
levou uma topada, e foi ao chão.
E daí veio sua inspiração !
Vou tirar leite das pedras...
Não esperou o Sol nascer, saiu cedo pela vereda,
passou num riacho seco, ouviu um Tico tico a cantar.
Jesus meu Deus.
E sua labuta começou, um martelo, um ponteiro, 
um alforje cheio de torresmo, um braço forte de sertanejo.
De vez em quando uma pólvora, a pedra imponente,
vira paralelo, lajota, brita, e até  pó.
Aquele tin tin tin pertinente, um som ensurdecedor,    
cessa ao cair do Sol,
Passou num riacho seco, ouviu outra vez um Tico tico a cantar. 
Jesus meu Deus.
Ao luar começa a pensar, vou dormir, descansar, 
amanhã tenho mais pedra pra quebrar.
E no domingo, vai à igreja de pedra, com sua amada cabocla, 
agradecer e orar.