terça-feira, 4 de maio de 2021

Da pedra ao pó


Ele é lá da caatinga,
nasceu no roçado.
Num chão que só brota granito,
e de céu ensolarado.
Um dia caminhando no pasto infértil,
levou uma topada, e foi ao chão.
E daí veio sua inspiração !
Vou tirar leite das pedras...
Não esperou o Sol nascer, saiu cedo pela vereda,
passou num riacho seco, ouviu um Tico tico a cantar.
Jesus meu Deus.
E sua labuta começou, um martelo, um ponteiro, 
um alforje cheio de torresmo, um braço forte de sertanejo.
De vez em quando uma pólvora, a pedra imponente,
vira paralelo, lajota, brita, e até  pó.
Aquele tin tin tin pertinente, um som ensurdecedor,    
cessa ao cair do Sol,
Passou num riacho seco, ouviu outra vez um Tico tico a cantar. 
Jesus meu Deus.
Ao luar começa a pensar, vou dormir, descansar, 
amanhã tenho mais pedra pra quebrar.
E no domingo, vai à igreja de pedra, com sua amada cabocla, 
agradecer e orar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguém que já sentou na lua.