sábado, 20 de outubro de 2012



Vinte de outubro

Oh que dia feliz , ainda bem que existem no mundo
aquelas pessoas a quem chamamos poetas .
Para elas todos os dias  são  incomuns . as flores
são mais bonitas , o céu exuberante  , o mar é doce .
O amargo fascina , a escuridão é bela , a estrada longa
o caminho incerto , o amor e louco , fere , prende , sufoca ,conforta .
O que seria de nós pobres mortais , se os imortais não existissem ?
Até Deus e o Diabo vieram à terra do Sol , o torrão natal é o paraíso,
acham bonito não ter o que comer , ama a quem os odeia , canta .
Escreve e os seus males espanta  e existe até uma flor muita bela que espanca ,
o riso é choro profundo , mas é lindo o seu mundo .
Mundo imundo , mundo cão , tem jeito não o certo é o errado , os animais são dóceis,
o homem feroz , atroz .
A beleza feminina engana e ao mesmo tempo inflama o coração apaixonado , e a saudade
sua maior mazela , a tristeza  é dona dos loucos , porém o mais louco e aquele que nunca amou .
O poeta é dono da lua , da rua , mas foge das multidões , seu intimo é fechado até para ele mesmo , sua
alma guarda segredos indizíveis , proibidos obscenos .
Entre fadas , duendes , musas , cisnes . lobos , monstros , almas ,  medusas , heróis , bêbados , crianças ,  nuvens , os poetas nos transportam a outra dimensão numa carruagem de ouro puxada por cavalos alados .

Adriana Noronha



 Remonauta

 Eu não sei brilhar , mas por certo sei como roubar um pouco
 do teu brilho pra eu , ou será  pra mim ?.
 Ah deixa pra lá , teu brilho é semelhante ao da lua , não , ao da
 Lua  não , afinal ela rouba o brilho do Sol .
 Teu brilho rema num mar de estrelas ,   tortas  , apagadas ,
 tristemente geladas .
 Mas por sorte elas ficam na rota do teu encanto , e quando o
 Remonauta alcança o infinito espaço , seu brilho invade tudo .
 E tudo contém e como um vagabundo do espaço , foge , se esconde
 e não mostra o poder do teu brilho a ninguém .
 E aquelas estrelas absorvem tudo de bom que voce tem  , ficam
 quentes , firmes , reluzentes , e alegremente amadas .
 Ora agora digo ...por certo achastes o senso , pois as estrelas
 seguiram o teu brilho .
 E assim tenho a certeza que nossas vidas podem ser iluminadas
 com o brilho das tuas palavras .


Adriana Noronha .


domingo, 14 de outubro de 2012



A humanidade já ultrapassou o  milênio , e vive em um momento de muita  tecnologia , os produtos  são tão avançados que quando aprendemos a usar já estão obsoletos , e mundo gira em torno da imagem seja ela qual for , quanto mais fashion melhor , o consumo tornou-se crônico .
Um dia estava a observar um comício politico , com meus filhos e marido , uma multidão , e a grande maioria nem mesmo sabia o por quê de estar ali , , depois seguiram em carreata pelas ruas num barulho frenético e ensurdecedor .
Paramos num trailer e pedimos big sanduiches e refrigerantes ,já  passavam das onze , quase doze , aliás
quase meia noite , todos conversavam ininterruptamente , então vi uma senhora já idosa de cabelos grisalhos a revolver o balde de lixo , fiquei a observa-la , ela começou a separar latinhas e garrafas Pet , nimguem mais a via , ela estava invisivel aos olhos dos outros .
Pensei em minha mãe , aquela cena era degradante para mim , só em imaginar minha mãe naquela situação senti um certo pavor , aquele rosto não me saiu da cabeça , fui pra casa frustrada , eu faço parte tambem de um mundo de imbecis , que não veem o outro , ou pelo menos um outro miserável  , lembrei de O Bicho de Manuel  Bandeira , eu só conhecia a pobreza nesse poema .
Após a farra voltamos para casa , fazia muito frio , mas a vida continua e eu continuei a viver , evitando ver os miseráveis , quando saia observava ao meu redor , muito lixo , sacolas ,pneus , vidros , latas , sacolas muitas sacolas plásticas ao vento , e as pessoas todas limpinhas em sua moda ordinária e vulgar . passando de carro vi aquela senhora parei desci e a segui .
Perguntei-lhe porque catava latinhas ?
Para comprar leite , arroz e o que der .
O Brasil é o maior reciclador de latinhas de aluminio , não por ser um povo civilizado , mas por ser um povo pobre , então resolvi fazer algo , não resolverei o problema da poluição ,mas posso lutar por politicas publicas que façam melhorar a vida dessa senhora , que devia ter  seu direito de estar em casa refugiada dos perigos que o povo possa lhe proporcionar e o descaso do governo com seus idosos .

Adriana Noronha .

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

d ARK ness .

Qual a cor da tua arte ?
Onde tu acha tanta coisa linda ?
Tua mão transforma um simples esboço num sonho .
O papel vira um carrossel , cheio de cavalos alados .
O teu anjo é por vezes triste e sem assas mas mesmo
assim de beleza grega .
Tua lua não tem crateras , só luzes eternas , teu céu
mistura-se ao mar .
Tua casa não tem paredes , só portas penduradas numa
tênue linha chamada imaginação .
Teu olho azul vê tudo muito mais bonito , porém uma sombra
te sufoca , mas tu a transforma numa nuance translúcida .
Um dossel protege teu sono , para que não seja tão profundo
quanto a ti mesmo .
A cada degrau uma máscara te segue , mas ergues tua vista e segue ,
segue à procura da mais perfeita cor .
Que cor é essa que fica escondida ?
Será d ARK ness  ?

Adriana Noronha .





d ARK ness.

What color of your art?
Where you find such beautiful thing?
Your hand turns a simple stub in a dream.
The paper turns a carousel, full of winged horses.
Your Angel is sometimes sad and without assas but even so Greek beauty.
Your Moon has no craters, eternal lights only, your sky blends into the sea.
Your House has no walls, only a tenuous line hung doors call imagination.
Your blue eye sees everything much more beautiful, but a shadow suffocating, but thou transforms into a translucent shade.
A canopy protects your sleep, so it is not as deep as thyself.
Every step a mask follows you, but exalted your view and follows, follows in search of more perfect color.
What color is the one that is hidden?
Will be d ARK ness ?

Adriana Noronha.
Namorada tua .

Tu acordas sempre antes  que a Lua , surgindo entre a escuridão
desse universo que é todo teu .
Fortalecendo as árvores , aquecendo os selvagens , provocando
belas revoadas .
Esse tom dourado incandescente , onipotente é devorado por uma
nuvem densa e macia .
Ela te acaricia e te envolve num manto cheio de amor, tu deleita-se
nesse tremor  viril  .
Porem essa nuvem  te sufoca e sabe que te  engana  ,  tu se inflama e
clama que não a ama .
Então seus raios fogem dali , lá bem longe a Lua que tudo vê ,chora
na sua aurora .
E como num encanto febril  , tu alongas tua luz e acarícia a Lua que sempre
será namorada tua .


Adriana Noronha .

quarta-feira, 10 de outubro de 2012


 




 Lira delirante

Os sons da noite são tocados numa lira delirante de cordas flutuantes ,
a Lua adormece e se esquece de encantar os corações .
As nuvens são como rostos pálidos , e transformam-se em silhuetas  languidas
em corpos alados e calados .
A escuridão do espaço , mostra estrelas que fogem ao encontro do sol , só lhes restam
o pó cósmico da solidão .
Uma alma nua , crua , seca , entrega-se a esse infinito , as estrelas apagam-se , escondem-se
não há brilho  nem luz .
O frio atravessa o som dessa noite infame que perdura minha angústia em viver , viver sem ver
o mar de estrelas que se apagam a cada alvorecer .
O Sol imune ao amor , debocha da Lua que um dia foi sua , e a Lira que propaga seu som tocado
por uma ninfa , acorda o centauro de ouro .
E assim a Lira ecoa num infinito céu , e a Lua foge para longe no centauro que ao seu toque torna-se prateado , numa cor que outrora fora sua .
Essa cor espalhou-se num oceano de sonhos , e assim se vai a Lua deixando um rastro de uma noite de amor que foi minha e tua .


Adriana Noronha .

Ilustração Chico Brasil  

terça-feira, 9 de outubro de 2012

 d ARK ness .


Qual a cor da tua arte ?
Onde tu acha tanta coisa linda ?
Tua mão transforma um simples esboço num sonho .
O papel vira um carrossel , cheio de cavalos alados .
O teu anjo é por vezes triste e sem assas mas mesmo
assim de beleza grega .
Tua lua não tem crateras , só luzes eternas , teu céu
mistura-se ao mar .
Tua casa não tem paredes , só portas penduradas numa
tênue linha chamada imaginação .
Teu olho azul vê tudo muito mais bonito , porém uma sombra
te sufoca , mas tu a transforma numa nuance translúcida .
Um dossel protege teu sono , para que não seja tão profundo
quanto a ti mesmo .
A cada degrau uma máscara te segue , mas ergues tua vista e segue ,
segue à procura da mais perfeita cor .
Que cor é essa que fica escondida ?
Será d ARK ness ?


Adriana Noronha .




Me perdi


 Acordei no escuro , tentei alcançar a mim mesma
 não consegui , meus braços retos não podiam mexer-se .
 Meus pés não pude olha-los , meu corpo estava estático
 senti gélidas as minhas entranhas , coisa estranha , medonha .
 Onde estava eu ?
 Procurei minha alma , ela de longe me olhava , fugiu e até riu
 não pude alcança-la , nessa vida só fiz aprisioná-la .
 E os meus sonhos foram saindo de mim , rápido assim ,como um
 vento , entre trovões e muito sofrimento .
 Um som de coisa nenhuma , nem os pássaros , ou o sol , as nuvens
 sumiram , o céu nunca existiu , era só miragem .
 Socorro !
 Me perdi dentro de mim .