quarta-feira, 10 de outubro de 2012


 




 Lira delirante

Os sons da noite são tocados numa lira delirante de cordas flutuantes ,
a Lua adormece e se esquece de encantar os corações .
As nuvens são como rostos pálidos , e transformam-se em silhuetas  languidas
em corpos alados e calados .
A escuridão do espaço , mostra estrelas que fogem ao encontro do sol , só lhes restam
o pó cósmico da solidão .
Uma alma nua , crua , seca , entrega-se a esse infinito , as estrelas apagam-se , escondem-se
não há brilho  nem luz .
O frio atravessa o som dessa noite infame que perdura minha angústia em viver , viver sem ver
o mar de estrelas que se apagam a cada alvorecer .
O Sol imune ao amor , debocha da Lua que um dia foi sua , e a Lira que propaga seu som tocado
por uma ninfa , acorda o centauro de ouro .
E assim a Lira ecoa num infinito céu , e a Lua foge para longe no centauro que ao seu toque torna-se prateado , numa cor que outrora fora sua .
Essa cor espalhou-se num oceano de sonhos , e assim se vai a Lua deixando um rastro de uma noite de amor que foi minha e tua .


Adriana Noronha .

Ilustração Chico Brasil  

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Alguém que já sentou na lua.