quinta-feira, 31 de janeiro de 2013




A carta

Sempre gostei de escrever cartas , muitas cartas , enviei centenas delas .
Espalhando-as pelo mundo , numa folha pautada e fina escrevi os passos
que dava nessa vida .
Porém tambem tenho muitas das quais por medo  nunca enviei ao destinatário .
Muitas delas perdi , o tempo roeu , apagaram-se , e algumas queimei .
Adorava o carteiro !
E os anos foram passando e as cartas foram sendo assassinadas pelas pessoas .
Tenho mania por papel , com qualquer coisa escrita , livros , cadernos , diários .
Já fazem dias que tento arrumar meus papeis , vou fazer uma biblioteca para crianças onde moro .
Juntei muitos livros , olhei-os um a um já com saudade , vou leva-los daqui .
Achei um em especial de minha tia Maria do Carmo , dentro dele fotos de tios e primos que só conhecia por fotos mesmo .
E lá uma carta .
"Guanabara , 30 de Março de 1968 ".
Ao ler o teor pude sentir  após quarenta e cinco anos  a dor que sentiram meus primos das fotos , pela perda de sua irmã .
E foi escrita por um primo , que ainda não conheci , mas sempre o trago em minha mente desde criança .
Ficava fascinada por suas façanhas  de anti herói para e época em questão .
Rômulo não és mais tão inacessível a mim , pois tenho em mãos um pouco de sua história escrita por teu próprio punho .
E essa relíquia guardarei por mais longos anos , o rastro dos pés a areia cobre , o rastro das mãos são eternos .

Adriana Noronha

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


Burka 


Outrora pensei ser uma criatura feliz .
Que nada !
Vi uma ovelha desgarrar , e se entranhar num lodo profundo e fétido .
Pedi aos céus .
Mas Deus me disse .
Ele não crê em mim .
Mas eu sim .
Porque choras mulher ?
Por ele !
Cada um escolhe o seu caminho !
Então terei que sair do meu , que sempre foi te seguir .
Ai o inominável acompanhou-me .
Ei , posso resgatá-lo !
Eu não creio em tu .
Então esta empatada com tua ovelha .
Que queres !
Tua alma .
Lancei-me ao fogo eterno , para salvar aquele por quem choro .
E Deus em sua fúria misericordiosa , compadeceu-se de mim .
Trouxe-me de volta ao mundo de outrora .
E em sonho me veio a Nossa Senhora .
Cobriu-me com suas graças .
E aquele manto preto que envergava minha alma desapareceu .
E minha ovelha saiu daquela maldição .
Retornei ao dia maravilhoso em que ele nasceu .
Ele de novo cresceu e aquele lodo profundo e fétido não conheceu .
Obrigado misericordioso Deus .
Salvastes aquele filho que é meu e teu .

Adriana Noronha .




Tuas mãos 

Tuas mãos , 
Quanta magia elas podem fazer .
E juntas à tua mente ..
Que universo tão distinto é esse ?
Os teus passos um dia serão apagados .
A areia há de cobri-los .
Mas o rastro de tuas mãos .
Através de tua Arte .
Serão eternizados .
Tuas mãos ...
Então use-as para o teu bem .
Torne-as abençoadas .
Toque com elas .
Teus sonhos divinos , tuas cores translucidas .
Agarre com elas o próprio Sol .
Amacia-lhes com um leve toque na Lua .
Não deixe que elas conheçam o mal .
Afasta delas aquele cálice de sangue .
Mantenha-as limpas do pecado capital .
Tuas mãos ...
Não dê adeus a vida , por não saber usá-las .
Levante-as a Deus .
Por certo ele te abençoará .
Não ponha nelas as chagas .
Pois isso só Cristo pôde suportar .
E vem , vem com tuas mãos .
As minhas afagar .
Estarei aqui de mãos postas .
Pedindo aos céus a ti , proteção .
Tuas mãos ..
Te conduzirão ao mais alto patamar .
Mas só se souberes o mal evitar .
Tuas mãos .
Tuas mãos .
Tuas mãos ...

Adriana Noronha 


Tranquila e serena 

O que é uma mente tranquila e serena ?
A minha voa tão alto que não consigo alcança-la .
Se fecho os olhos aí sim piora tudo .
De olhos fechados vejo a mim mesma .
Me assusto , ao perceber o quanto sou vil .
Um turbilhão de sentimentos passam por mim .
E todos eles são maus , perversos , infernais .
Vejo na abobada terrestre nuvens ...
Nuvens carregadas de quase nada .
Onde estais tu ó Deus ?
Porquê me fizeste com defeito ?
Tu és perfeitamente esculpida .
Não creio !
Meus pensamentos me atormentam .
Meu mar é muito profundo .
Minha lua é infinitamente escura .
O Sol gela minha alma .
Meus caminhos são tortuosos e estreitos .
A água que bebo enebria .
Experimenta sair daí !
De onde ?
De dentro de ti !
Dei um passo fora de mim e vi o mundo lá fora .
Traição , guerras , drogas , mortes , lixo , luxo , barganhas , piranhas , tubarões , anões , fome , furnicação , calor , poluição .
Ei Deus !
Deixa eu retornar , dentro de mim ficar , que prometo tornar minha mente tranquila e serena .

Adriana Noronha

terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Insano e Santo

O universo do artista é muito vasto cabe tudo que ele pode imaginar , tudo mesmo .
As nuances vem como ondas gigantescas , e arrastam tudo à sua frente .
Céus abrem-se em nuvens densamente carregadas de fantasias e coisas incompreensíveis e belas .
O Mundo gira velozmente em seu interior insano e santo , as visões estão ao seu redor .
E como num quebra-cabeça surgem as peças uma a uma , e vão juntando-se ao todo .
Todo ?
Fragmentos de sonhos sonhados com olhos acordados e nus , livres , soltos .
Outros os chamam de louco .
Porém a maior loucura é não viver dentro de si mesmo .
É não ter coragem de mergulhar ao infinito .
O mundo lá fora é comum a todos .
Pessoas iguais , cabelos iguais , roupas iguais pensamento idem .
O vento seu maior aliado o leva longe , e lá solta-o à própria sorte , e que sorte .
Então suas asas surgem forjadas ao calor intenso do Sol e com a magia lânguida da Lua .
E tua carne vermelha e quente flutua .
Ei !
Volta .
Que queres Arte ?
Acordar-te .
Tá indo longe demais assim não posso alcançar-te !
Vou ao universo carmim .
Não seria necessário !
Tu já és assim .
E ao olhar para si , quebrou-se o encanto .
E acordou no seu quarto , tranquilo insano e santo .

Adriana Noronha 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013






Viver pensando em morrer

Senti minha alma inebriada com o odor de algo que não conhecia , e tentei não respirar .
A escuridão havia batido à porta , não satisfeita veio janela adentro .
Ouvi uma harpa que soava sons delirantes , dantescos e ensurdecedores .
Meu leito estava frio !
O vento se foi , a relva secara , a Lua não estava no Céu , as estrelas não brilhavam .
Minhas pálpebras tornaram-se pesadas cerrando meus olhos .
Vi meu corpo teso e duro , tentava mover-me , nada , virei , nada de novo .
Debatia-me dento de mim mesma , tentei gritar , minha voz emudecera .
Pronto , e agora !?
Senti de novo aquele odor .
Flores e folhas secas ao meu redor .
Vi meu corpo jazer .
Mas minha alma ainda teimava em viver , viver muito tempo ainda .
- Levanta , acorda e vem !
- Saí daí , é muito longe o além .
Então o vento soprou , a relva enverdeceu , a Lua voltou aos Céus e as estrelas iluminaram a noite .
Não era hora agora .
Saí de mansinho para que o odor não se espalhasse outra vez .
E a brisa da vida tomou conta do meu ser tão doido .
E assim deixei de viver pensando em morrer .


Adriana Noronha 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Burka 


Outrora pensei ser uma criatura feliz .
Que nada !
Vi uma ovelha desgarrar , e se entranhar num lodo profundo e fétido .
Pedi aos céus .
Mas Deus me disse .
Ele não crê em mim .
Mas eu sim .
Porque choras mulher ?
Por ele !
Cada um escolhe o seu caminho !
Então terei que sair do meu , que sempre foi te seguir .
Ai o inominável acompanhou-me .
Ei , posso resgatá-lo !
Eu não creio em tu .
Então esta empatada com tua ovelha .
Que queres !
Tua alma .
Lancei-me ao fogo eterno , para salvar aquele por quem choro .
E Deus em sua fúria misericordiosa , compadeceu-se de mim .
Trouxe-me de volta ao mundo de outrora .
E em sonho me veio a Nossa Senhora .
Cobriu-me com suas graças .
E aquele manto preto que envergava minha alma desapareceu .
E minha ovelha saiu daquela maldição .
Retornei ao dia maravilhoso em que ele nasceu .
Ele de novo cresceu e aquele lodo profundo e fétido não conheceu .
Obrigado misericordioso Deus .
Salvastes aquele filho que é meu e teu .

Adriana Noronha .


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013



Estrelas quebradas 

Quando o Mundo ao meu redor escurece , fica denso e pesado , 
saio a vagar , sem rumo e direção .
Meus passos não me levam a lugar nenhum , mesmo assim insisto em existir .
E a abóbada terrestre desaparece , e me vejo num Mundo que eu mesma inventei .
Então encho a escuridão de pequenas luzes , espalho pedaços de estrelas quebradas .
O breu permanece , mas fica cheio de encanto , e encanta a própria Lua .
E num sonho cósmico a Lua vem me buscar , tudo transforma-se e eu esqueço o Mundo mortal .
Será minha vida normal ?
Uma tênue linha segura meus sonhos , e sustenta os delírios meus.
Ou serão os teus ?
Meus grandes olhos não conseguem enxergar nada além desse mar de solidão .
Não estais só !
Não sentes o meu calor lunar ?
Então sentei na Lua , que nunca há de me abandonar .

Adriana Noronha


Belo rapaz 

Eu imagiva meu Avô Chiquim , com mais de dois metros de altura , cabelos longos ao vento , corpo esqueletico rosto de caveira e olhos de fogo , suas mãos eram tão longas e suas unhas tão afiadas que me faziam tremer .
E toda noite ele saía a pastorar sua arvóres no nosso quintal que outrora fora dele , os bambus agitavam-se , os coqueiros envergavam até o chão , as pitombas caiam , os cajus murchavam.
Podíamos ouvir o arrastar de suas alpercatas , sua presença era tão forte que dormíamos antes dele despertar do além .
Se demorávamos a dormir sua mão comprida tocava nossos ombros , gelávamos , corríamos para a rede refúgio seguro .
Mas uma noite resolvi esperá-lo , escondi-me entre as papoulas vermelhas , e eis que o vi entrando em casa e andou de mansinho.
Olhou o papai em seu sono pesado , acariciou-lhe a face e o abençoou , cobriu meus irmãos e não me viu .
Que fazes ai minha pequenina ?
Estou esperando meu avô Chiquim .
Voce viu ele ?
Vi .
Ele mandou-me vir em seu lugar .
Sua mãe dele não deve gostar .
Mas eu queria vê-lo e um abraço lhe dar , para ele parar de nos amedrontar .
Então dorme minha pequenina , que a imagem que tua mãe me faz , tu não verás mais .
E no meu sonho um anjo entrou , mostrou meu avô e me fez crer que ele sempre foi um belo rapaz .
E só assim , apesar das fantasias da mamãe ele pôde descansar em paz .

Adriana Noronha 


Mesma facção 

Ah ! Por que inventaste a distância ? 
E com tua força chamada DESTINO.
Espalhastes filhos e filhas separando-os dos pais e mães .
Nos tirou de nossas camas quentinhas , do quintal enorme .
O cheiro da comida era tão bom .
E as roupas num imenso varal , desbotaram !
A mesa antes uma confusão , encontrou a mansidão .
E nós filhos e filhas fomos forçados a crescer .
Eu até que queria crescer , mas tambem queria permanecer .
Não deveria ter existido aquele Tio marinheiro que deu adeus de mão fechada e nunca mais voltou !
A Tia linda que só vi uma vez ! E seu único filho igualmente alto e lindo.
Um tio do qual adorava e me dizia " Peace and Love .
A Tia caçula sempre voltava , lembrava uma chaminé , mas exalava uma fumaça tão doce .
A Tia Helena queria me levar para Tróia .
Deus me livre não vou não , morreu sozinha lá no Rio.
E assim o tempo passou e levou tudo o que não vivemos , não sofremos .
Nunca deveríamos dizer adeus e sim dar graças à Deus por permanecermos juntos para todo o sempre .
Longe dos olhos mais longe ainda do coração , mas meu coração é tão grande que cabe os NORONHA E OS BRASIL .
Formando uma mesma facção .

Adriana Noronha

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



O mal sou eu 

A mão do mal veio de repente , tomou conta de ti , olhaste para mim e num surto hediondo rasgou-me as carnes 
Picando-me entre suas unhas e não satisfeito lançou-me ao fogo , e eu sem acreditar ...
Vi as chamas consumindo meu corpo , vorazmente , incandescente .
Meus olhos viam o que minha alma já sabia , mas escondia .
E o fogo transformou-me em cinzas .
E veio o vento e espalhou-me no ermo .
O mal sou eu ?
Talvez !
Não ! Meu espirito ergueu-se dali , olhou ao redor , e até o Sol abrasador sentiu compaixão .
Levou-me em seus raios para bem longe , longe do mal .
Que queres tu ?
Coisa nenhuma !
Pedes , te darei !
Me faz renascer , como a Fênix que surgiu das cinzas .
Por muitas eras viverá e sempre o mal irá encontrará .
Então lança-me à Lua , lá o mal não me alcançará .
Mas não vá com suas lágrimas a Lua encharcar .

Adriana Noronha 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


 Tu és lindo demais


 Eu vou lá ! E aos teus pés me curvar .
 Vou agradecer , agradecer e agradecer .
 Olhando assim ao longe ,sinto como se estivesses a me abraçar .
 Perto do céu hei de chegar pegar um pedaço das nuvens e engarrafar. 
 Ouvirem um corro de querubins . Uma harpa doce ecoara.
 O sinal divino há de chegar , eu estarei lá .
 Ave Maria tu és lindo demais .
 O poder de minha fé me mantém de pé .
 Mas curvo-me diante de tanta Onipotência .
 Vem meu mundo salvar . salva-me de mim ,me torna doce , mansa e enche meu coração daquilo chamado esperança .
 Me faz acreditar como nos tempos de criança .
 Bastava correr abraçar os meus e me sentir em segurança .
 Derrama sobre meu espirito tuas graças .
 Sei que posso dormir e despertar pois tu esta a me vigiar .
 Me livra dos males ,tira-os de dentro de mim .
 Em teus braços quero estar . 
 O sopro de minha alma aos teus olhos faça durar .
 Permita-me que envelheça mas sempre a te louvar . 
 Me faz contar setenta vezes antes de pecar . 
 Sei que sou só carne e osso . 
 Ouve meu clamor e enche meu duro coração de amor .
 Me livra do laço do passarinheiro .
 E por todo o sempre e tambem na eternidade serei tua serva , mas que não sirva para nada .
 Torne suave minha jornada , pois sem ti não sou nada . 
 Amém , amém , amém .

Adriana Noronha 


Nua e crua 

Tenho medo de fechar meus olhos .
Adormecer para mim é tormento .
Meus sonhos são com ondas arrastando meu intimo para longe , bem longe de mim .
As águas não tem cabelos .
E os meus tornam-se gigantescos e pesados , fazem meu corpo afundar nas profundezas .
Nas profundezas do meu mar de lágrimas .
Vejo Caronte em seu barco a pairar .
Vais a algum lugar ?
Eu sei nadar !
De que adianta ?
Deves é acordar .
Olho para dentro de mim , em meu leito de semi morte , que sorte !
O vento sopra forte , derrubando árvores , poste e nada .
Continuo de olhos cerrados tentando minha vida achar .
Lua essa mulher é tua .`
É uma pobre alma nua e crua .
Leva ela daqui , pois é cria tua .

Adriana Noronha


Onde estavas mesmo ?

 Não sei ,talvez perdida num mundo obscuro , sozinha tentando me achar .
 E quanto mais eu me procurava , ficava ainda mais longe de mim .
 Os ventos eram tão fortes que me arrastavam .
 Minha alma esvaia-se abandonava meu corpo .
 O que faria sem ela ?
 Então agarrei-me em algo , era quente e carmim . 
 Meu corpo transformou-se em lava incandescente e escorreguei de  lá de cima .
De lá de cima !?
Ledo engano !
Enganas a tu mesma pensando ser boa e justa .
Não te quero aqui .
Vai sobe que lá é teu lugar .
Aqui deixo somente os que posso dominar .
Tua mente é muito vasta , cabe tudo que tu podes imaginar .
Então me vi em outro lugar , não podia respirar .
Um envolucro alvo e calmo sobre meu corpo inerte . 
Ei !!
Gritei , não tem ninguém !
Ninguém é tu , mulher .
Acorda  desse sonho , saí daqui e me deixa outras almas buscar .


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Cair no mar

Acordei num mundo cheio de fumaça , pareciam nuvens densamente 
carregadas de coisa alguma .
O cheiro sufocante da ação humana pairava ao redor , vi homens correndo .
Arvores incandescentes e fúnebres , animais loucos a correr e a morrer .
O rio chorava , pois nada podia fazer , não podia suas águas ao fogo lançar.
O Sol ajudava no começo do fim do mundo , uma nova era estava a começar .
Fogo , fogo e muito fogo .
Celsius havia acordado e lançado seu furor num letal estado febril.
Os filhos choravam , e a mãe natureza via seu mundo encantado padecer , se acabar . .
O mormaço apertava aquele que era antes de tudo um forte .
E Deus perdoou aquele pobre coitado , mandando toda chuva que há .
Mas Celsius fez a chuva cair em outro lugar .
E nem o Cristo Redentor pode evitar que aquelas águas doces fossem cair no mar .
E o sertanejo segue sua sina , a penar .

Adriana Noronha


Insana e louca

Acordei no meio da noite , só o breu e eu , tatiei ,tatiei , nada encontrei .
Meu Deus !
Não adiantou chamá-lo , então caminhei assim mesmo , um cheiro de flores 
secas invadiu-me .
Águas turvas e salgadas passaram por mim , lavando minha alma insana e louca .
Abri o olhos , nada havia à minha frente , segui em frente lerda e rente.
Onde estaria eu ?
Tentei lembrar do ontem , talvez do antes .
Nada !
Levantei os olhos , e pude ver uma abóbada gigante e translúcida que cobria-me .
Sobre ela longos cabelos negros e escorregadios , agarrei-me a eles .
Porém caí mais fundo ainda , em não sei onde .
Vixe , nunca pensei existir lugar tão sombrio .
Arrastei-me , naquele solo infértil , veio um vento e jogou-me longe , longe ...
Eu vi uma Cruz !
És tu Jesus ?
Talvez .
Que fazes aqui ?
Não sei !
Menina volta ao teu lugar e saí de dentro de tu , esse mundo não podes dominar .
Vais de novo na tua Lua sentar .
Não mergulhas mais em ti mesma , tu podes não te encontrar .

Adriana Noronha


 
Prisão transparente

Guardastes tua ARTE ?
Ou aprisionou tuas ninfas ?
Nem adiantou , esqueceu de pô as rolhas
e de joga-las ao mar .
Enquanto tu dormes elas saem a divagar no mundo que tu criaste ,
mansamente invadem a noite e se vão .
E voam longe de ti , encantando os amantes da noite escura ,
enebriam os fracos de espirito .
Enganam os céticos , iludem os fiéis , misturam-se ao bem e ao mal

correm se escondem .
E o tolos se encantam com tanta beleza , apaixonam-se e sofrem com 

o desdém das ninfas encantadas .
E tu continuas a dormir , um sono pesado e cheio de sonhos dantescos , 

coloridos com sangue e vinho .
E a noite lá fora dos teus sonhos pertence as tuas ninfas medonhamente

belas e más .
A Lua ilumina seus grandes olhos e as ofusca com seu brilho prateado
e quente .
E as força a voltarem para suas prisões transparentes , que outrora guardara

o vinho que tu bebeste .
O vinho que toma conta de tua mente e cria as ninfas de olhos grandes

e vorazes .
O Sol alvorece mais cedo , para que a Lua descanse e esteja pronta para de novo

expulsar tuas Ninfas da noite que é dela .
E tu despertas lentamente e vislumbra tua arte guardada somente enquanto não dormes

outra vez .

Adriana Noronha 

Art  by Chico Brasil 

sábado, 5 de janeiro de 2013



Vento forte


Vento forte

Há muito eu estava perdida em meus pensamentos maus ,
então caí lá do alto em que me encontrava .
O vento passou e derrubou-me , e olha , me fez um grande favor ,
me arranhei , feri meu corpo , mas gostei da queda .
Naquele momento pensava numa criatura vil , ordinária , traiçoeira,
maléfica e em seus parceiros vorazmente iguais .
Perdi muito tempo tentando livrar-me desse mal ,

e estava esquecendo de viver .
Sempre procurando uma maneira de livrar-me daquela 

peçonha em forma de " gente " .
Foi aí que Deus compadeceu-se de mim , transformou-se

num vento forte e derrubou-me de minha pouca fé .
Saí daquele transe hediondo , e vi a face de Deus retratada
nos rostos daqueles a quem amo .
E acordei novamente para a vida maravilhosa que possuía ,

respiro agora o que há de bom no Mundo .
Uma cachoeira de águas fervescentes lavou o que de ruim

havia ficado dentro de minha alma .
Subi à tona daquilo em que havia mergulhado , 

águas turvas tornaram-se cristalinas e limpas .
E nessa água mergulho meu corpo e purifico minha vida ,

que agora flui que nem um rio de águas caudalosas e puras .


Adriana Noronha .

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


Eu não escrevo o que penso ,
escrevo o que sonho.
Se um dia escrever o que penso ,
meus sonhos terão chegado ao fim .

Adriana Noronha .


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



Esferas Dantescas .

Estou aqui espremida entre dois mundos , um raso e outro bem profundo .
Duas esferas Dantescas , ásperas e duramente frias , que se movem a apertar-me .
Estou estática , fingindo-me morta .
Olho abaixo vejo o nada em forma de escuridão .
Lá penas o lodo do mundo .
Levanto os olhos aos céus e clamo .
E eis que vem aquele por quem chamo .
E lançando um pouco do seu brilho .
Me fez incandescente , reluzente .
Eu respirei , e suspirei tão profundo que deslizei , saí de lá .
Senti meu ser flutuar .
lembrei que tambem sou pedra e pude rolar , rolar .
E nessa ladeira infinita encontrei outro lugar .
Olhei ao redor , nada havia ali .
E comecei a lamentar .
Percebi tardiamente que aquelas pedras .
Estavam a me sustentar .
Para que eu não caísse dentro de mim , e nunca mais pudesse me achar .

Adriana Noronha .

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



Ocaso dos olhos 

O brilho dos teus olhos , engana o próprio Sol ,
tua olhas ao longe o horizonte a procura de algo .
As nuvens enfeitam o céu , mas a magia esta dentro de ti ,
e assim o mundo parece ser mais bonito .
O Astro Rei antecipa seu OCASO , esconde-se de ti , foge ,
pois teus olhos brilham com maior furor .
De onde vem tanto poder ?
Da tua imaginação , da tua alma , que nunca se acalma e
tenta tomar o lugar daquele que brilha no firmamento .
Então a Lua surge , e te embala num sono profundo , e em
teu sonho tu és o próprio SOL do Mundo .

Adriana Noronha .
Mágico momento 


A musa suspira ao Sol , e mesmo de olhos cerrados consegue
ver o brilho incandescente de seus raios .
O vento vem acariciar-lhe a face , refrescar sua alma , que ora 
calma , voa , transcende .
E o Céu abre-se em nuvens de sonhos , mas o sonho da Musa é
bem mais longe , infinitamente , longe .
Por onde passeias ?
O Céu não é o teu limite , uma alma sem fronteiras , sem bandeiras
sem correntes .
Apenas um alma livre , que voa , voa , suas asas são forjadas com
a brisa do vento .
Ao dormir ela esquece seus lamentos e é só uma menina que sabe 

onde encontrar seu mágico momento .





Adriana Noronha .