quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Belo rapaz
Eu imagiva meu Avô Chiquim , com mais de dois metros de altura , cabelos longos ao vento , corpo esqueletico rosto de caveira e olhos de fogo , suas mãos eram tão longas e suas unhas tão afiadas que me faziam tremer .
E toda noite ele saía a pastorar sua arvóres no nosso quintal que outrora fora dele , os bambus agitavam-se , os coqueiros envergavam até o chão , as pitombas caiam , os cajus murchavam.
Podíamos ouvir o arrastar de suas alpercatas , sua presença era tão forte que dormíamos antes dele despertar do além .
Se demorávamos a dormir sua mão comprida tocava nossos ombros , gelávamos , corríamos para a rede refúgio seguro .
Mas uma noite resolvi esperá-lo , escondi-me entre as papoulas vermelhas , e eis que o vi entrando em casa e andou de mansinho.
Olhou o papai em seu sono pesado , acariciou-lhe a face e o abençoou , cobriu meus irmãos e não me viu .
Que fazes ai minha pequenina ?
Estou esperando meu avô Chiquim .
Voce viu ele ?
Vi .
Ele mandou-me vir em seu lugar .
Sua mãe dele não deve gostar .
Mas eu queria vê-lo e um abraço lhe dar , para ele parar de nos amedrontar .
Então dorme minha pequenina , que a imagem que tua mãe me faz , tu não verás mais .
E no meu sonho um anjo entrou , mostrou meu avô e me fez crer que ele sempre foi um belo rapaz .
E só assim , apesar das fantasias da mamãe ele pôde descansar em paz .
Adriana Noronha
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Alguém que já sentou na lua.