quarta-feira, 30 de março de 2016

Vejo , via


Não consigo enxergar as coisas boas da vida
as coisa boas de outrora ...
As coisas que vejo são todas efêmeras ,impalpáveis , intocáveis ,
virtuais , inexistentes e nulas .
Vejo bebês abandonados ,gerados numa noite alucinante e obscura
Vejo crianças perdendo a inocência , aprendendo muito cedo a maior mácula dos adultos ,a indecência .
Vejo os jovens vegetando em suas redes sociais que os carregam para um fosso profundo .
Vejo os pais perdidos ao vento ,querendo inutilmente acompanhar os novos negros tempos .
Vejo os idosos jogados à própria sorte ,alimentando um prole que não é sua ,esperando somente a hora da morte .
Vejo professores sem o ânimo na profissão ,passando em procissão para um lugar chamado colégio ,onde só há sortilégio .
Não consigo enxergar as coisas boas da vida
as coisas boas de outrora ...
Via bebês gerados com amor e cercados de carinho .
Via crianças no parque, nas ruas , brincando de amarelinha,tocando a campainha da vizinha e correndo alegre pela chuva de tardinha .
Via os jovens lutando por dias melhores , em suas passeatas pacíficas pedindo um mundo melhor , mais educação .
Via os pais trabalhando pelo pão de cada dia, e ao chegar em casa tudo era alegria ,pois sabiam que na escola seu filho ou filha evoluía .
Via os idosos rodeados de bons filhos e netos apaixonados que ouviam suas histórias fantásticas e cheias de fantasias e assombrações .
Via professores cheios de entusiasmo, que davam aulas recheadas de novidades, sabíamos o nome de todas as cidades do Mundo .
Não consigo enxergar as boas coisas da vida
a coisas boas de outrora ...
Fui eu também o culpado do Mundo ter girado ao contrário ?
Adaptei-me aos tempos ?
Perdi o encanto ?
Ou só fiquei no canto ?
Vendo tudo mudar ?
Olhando simplesmente o arco-íris apagar ...
Olhava,olhava,olhava
minha língua falava
ralhava
debochava
e o punhal da amargura veio pontiagudo ,pondo fim às coisas boas da vida ,as coisa boas de outrora .

terça-feira, 15 de março de 2016

Tô de saco cheio do Mundo lá fora .
do barulho das mentes ocas ,
da sinfonia de buzinas enlouquecidas,
tenho medo dos latrocidas .
Não passo mais naquelas ruas estreitas, 
lá espreitam minha bolsa,
teu tênis,
e aquilo chamado celular .
As crianças são cobiçadas,
as mulheres bulinadas,
os homens mortos por jovens tortos,
nas esquinas sombrias .
Nas escolas compramos drogas,
nas salas alunos sem rumo,
professores sem prumo,
enquanto a educação rumina ...
Procuro as flores,
elas estão cheias de fétidos odores,
as arvores respiram fuligem,
e banham-se de ácidas chuvas .
Olho ao longe ,ao infinito,
e não vejo mais o horizonte,
nem os belos montes ,
nem monges .
A multidão passa num vai e vem,
e freneticamente andam e andam e andam,
e não se encontram , não se contam,
apenas se esbarram ,se chocam , mas nunca se tocam.
Tô de saco cheio do Mundo lá fora
Então me tranco
não sinto o vento
não vejo o tempo ,
não saio ao sol ,
não vejo a lua ,
e minh'alma se esvai,
meu espírito sai,
eu não sou ,
não estou
e nem vou
não amo
não odeio
não leio ...
Tô tambem de saco cheio desse mundo que há dentro de mim ...
Pra voce minha querida prima Cleopatra Albuquerque

domingo, 13 de março de 2016


Viver 

Ouvi o som do meu coração ,esqueci o som da liberdade vigiada
e assim pisei e travessei o arco-iris ... 
E fui .
Fui em passos lentos , bem lentos , caminhando devagar ,deixando o tempo atrasado , enganando a vida que queria correr .
Mas a vida correu ...
O tempo veio e assim fui levada a viver a força , e a força dos deveres ,nos corta as pernas , nos

cega os olhos ,nos consome as forças ,nos engana , nos retalha as carnes já cansadas , inflama o coração que um dia foi doce e inocente , e o pior nos torna dementes .
Fingimos ser o que nunca seremos .
E fui atravessando aquele arco-íris , e na outra ponta não alcancei o que queria , não vi a luz do dia ,não vi ,não verei .
E voltei .
Mas a vida correu , o relógio não parou , a chuva cessou , o rio secou , o mar invadiu o vazio .
E o brio virou breu .
E lá ...
E lá se foi aquilo que nunca existiu , se extinguiu o sonho .
E o Mundo mostrou-se medonho,
tristonho
chato
opaco ...
E o ocaso ,foi o caso final
daquilo que reluzia
mas do outro lado não existia .
A bruma escondeu o caminho de volta ,e a revolta da vida ,é viver ,
é viver .
É apenas viver ,
e viver é o maior martírio daqueles
que tem medo de morrer .
Viver , viver
e ver o que nunca esta lá .
Viver , viver ,viver e nada aprender .