A Tia Maria do Carmo nunca pariu , porém ajudou a criar todos os seus sobrinhos e sobrinhas , adorava todos eles , e sempre era respeitada , pra não dizer TEMIDA , se ela viesse dava faxina em todos nós , cabelos , unhas , botava ordem no quartel .
Botava ordem até no papai , que lhe nutria uma certa intolerância , mas em segredo e quando ela chegava lhe tratava a pão de ló , para sua segurança ...
Numa certa manhã , resolveu sair da Floresta e viajar , pois já não tinha o tio Té para lhe empatar , andava meio acabrunhada pelo sumiço do seu Santo Antônio .
Investigou por toda redondeza e nada , foi no Jardim America na casa da tia Bibisa e nada , em nossa casa no Benfica e nada , na casa do Tio Zé tambem nada ...
Injuriada foi passar uns dias com a Elizabete N Ribeiro lá em João Pessoa , salvo engano acho que ela era bancária , e trabalhava no Recife , para nós a sua chegada era sempre uma festa , pois sentava-se à maquina e bordava coisas divinas , cozinhava como ninguém
Era uma mão nada roda , não estava enferrujada .
Rezava seu terço diariamente , pedindo a volta de seu amado santo , presente de seu amado marido .
A Elizabete ficou muito satisfeita com tanto mimo , e saiu normalmente para trabalhar como fazia todos os dias .
Tchau Titia !
Deus te acompanhe minha filha .
E ela entediada , naquele apartamento , resolveu fazer o que muito gostava , uma faxina geral , ia organizar as coisas da bichinha , coitadinha , trabalhava tanto , tava sem tempo pra nada .
Balde , vassoura , rodo , pano de chão , cera , enceradeira , um cozido na panela , um bolo mole no forno e uma violeta na janela .
E a casa exalava um doce , cheiro de mel .
Agora sim !
só faltavam as roupas , um balde cheio , a água jorrou da torneira , pois a máquina ela não usava não .
Dobrou os joelhos pegou o balde com as mãos e virou no chão .
E como num encanto dos céus , seu santo voltou pra sua mão .
Extasiada de felicidade , o segurou junto a seu coração , lavou e passou as roupas ,
e voltou pra casa no primeiro avião .
E o seu Santo Antônio até hoje nos abençoa e nos dá proteção .
Pra voce Elizabete .
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
É o RUSSO
Quando criança vi uma briga tão banal .
Ele havia apenas lavado um pincel de sua aquarela , no tonel da oficina , pronto e o inferno surgiu , pega daqui , pega dali nervos acirrados , minha frágil irma meteu-se entre pai e filho , tornou-se ágil e forte seperando-os
e eu só ali , ali só .
Os outros irmãos onde estariam naquele momento ?
Ele chorou ...
E disse .
Eu me vou .
Vai não , a mamãe morre .
Mas ele se foi , Raquel chorou , chorou e eu só via e não entendia .
Cade a mamãe ?
Foi melhor assim , ela não ver ...
Mas ao chegar ela não pôde crer , que ele se fora .
Estavamos sem o nosso ARTISTA , alma de gênio , revolucionário , mãos de magico , sua arte virou fumaça .
E por longos dez anos mamãe chorou , procurou e nunca achou , quando ela sabia , onde , ele fugia , e assim eu crescia e via , sempre via .
Porém num belo dia outra mulher de aparência frágil foi a Copacabana passear , e como num encanto de uma mãe que sofria pior ou quase o mesmo tanto , por seu filho que foi jogado em um canto , ela o reconheceu.
Coisa de mãe , e sabendo como sofria sua maezinha , que era a mãe minha .
soube segurar seu coração , e agiu com a razão , ficou quieta e seguiu um belo rapaz , coisa de filme ação .
E sorrateiramente com uma astúcia sem par , descobriu o lugar .
E telegrama chegou ...
Mãezinha , vem achei o Reinaldo .
E ela voltou a viver , rejuvenesceu e de Itapemirim cruzou a malha viária .
Tia Agustinha a esperava com a mesma felicidade .
E perguntaram por um rapaz assim , assado louro e lindo .
Ah !
É o RUSSO !
E numa visão colossal viram o belo rapaz lavando as escadarias da Central do Brasil , onde gente subia e descia sem notá-lo .
E no meio daquela multidão , um grito .
Reinaldo !
E num choro à três
Ele pode retornar ao lar .
Isso em 1978 , minha Tia Gustinha , fez a Redenção do sofrimento de minha mãe e no ano seguinte minha tia teve sua Redenção com a Redenção de seu filho .
E a loba voltou a amamentar o seu Rômulo .
Adriana Noronha
Pra voce Cleopatra Albuquerque
Quando criança vi uma briga tão banal .
Ele havia apenas lavado um pincel de sua aquarela , no tonel da oficina , pronto e o inferno surgiu , pega daqui , pega dali nervos acirrados , minha frágil irma meteu-se entre pai e filho , tornou-se ágil e forte seperando-os
e eu só ali , ali só .
Os outros irmãos onde estariam naquele momento ?
Ele chorou ...
E disse .
Eu me vou .
Vai não , a mamãe morre .
Mas ele se foi , Raquel chorou , chorou e eu só via e não entendia .
Cade a mamãe ?
Foi melhor assim , ela não ver ...
Mas ao chegar ela não pôde crer , que ele se fora .
Estavamos sem o nosso ARTISTA , alma de gênio , revolucionário , mãos de magico , sua arte virou fumaça .
E por longos dez anos mamãe chorou , procurou e nunca achou , quando ela sabia , onde , ele fugia , e assim eu crescia e via , sempre via .
Porém num belo dia outra mulher de aparência frágil foi a Copacabana passear , e como num encanto de uma mãe que sofria pior ou quase o mesmo tanto , por seu filho que foi jogado em um canto , ela o reconheceu.
Coisa de mãe , e sabendo como sofria sua maezinha , que era a mãe minha .
soube segurar seu coração , e agiu com a razão , ficou quieta e seguiu um belo rapaz , coisa de filme ação .
E sorrateiramente com uma astúcia sem par , descobriu o lugar .
E telegrama chegou ...
Mãezinha , vem achei o Reinaldo .
E ela voltou a viver , rejuvenesceu e de Itapemirim cruzou a malha viária .
Tia Agustinha a esperava com a mesma felicidade .
E perguntaram por um rapaz assim , assado louro e lindo .
Ah !
É o RUSSO !
E numa visão colossal viram o belo rapaz lavando as escadarias da Central do Brasil , onde gente subia e descia sem notá-lo .
E no meio daquela multidão , um grito .
Reinaldo !
E num choro à três
Ele pode retornar ao lar .
Isso em 1978 , minha Tia Gustinha , fez a Redenção do sofrimento de minha mãe e no ano seguinte minha tia teve sua Redenção com a Redenção de seu filho .
E a loba voltou a amamentar o seu Rômulo .
Adriana Noronha
Pra voce Cleopatra Albuquerque
Tudo por nada
Eles vão crescer
Eles vão me esquecer ...
E o culpado de tudo isso
será voce .
Quem sabe um dia
em outra vida
voltemos a ser ...
Uma tia
ou uma pia .
Um padrinho
ou um passarinho ...
Os
dois
meninos
homens
vão
ser
E o tempo vai apagar
a tia , a madrinha ...
o padrinho e o tio
O brio será breu ,
não seremos mais
voces ,
nem eles
nem EU .
jogou-se fora tudo
por quase nada .
Adriana Noronha
Útero gigante
Toda noite te procuro em meus sonhos
são eles assim , cheios de cores , flores , e muitos odores .
Os pássaros possuem gigantescas asas , e num voou rasante
arrastam-me para o mais infinito mundo .
O nosso mundo , e de mais nimguém .
lá não há nada , mais existe de tudo , e o relógio de minha memória
por vezes pára .
Para minha'lma atormentada , só há um caminho .
Caminhar por entre meus sonhos , lá sei que posso ser como sempre
fui .
Ou será , como sempre serei ?
Uma sereia sem mar , o numero um que quer ser par , o sal sem o mar
o marmelo que sonha ser martelo .
O feio que pensa que é belo .
Meu Mundo só existe aqui , alí , acolá .
Deus me acuda , me sacuda , me faça respirar , acordar para depois quem sabe , chorar .
Mas não um choro mórbido .
Mas um rio ...
Um rio de lágrimas , que te tragam a mim , com ondas carmim , desse jeito assim .
Que te envolvam em outro sonho
e num útero gigante , te ponham a salvo , alvo ,
lindo e calmo .
Salva-me daqui ou quem sabe ,
salva-me Dali .
Adriana Noronha
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Gosta de ouvir causos bela prima ?
Então vamos a ele .
Numa viagem ao Ceará eu , Regina e Ricardo desviamos a rota ,
e passamos no triunfo Terra de nossos avós , tínhamos em punho uma super câmera profissional , e para matar um pouco a saudade , minha irmã adentrou a porteira do Bonito , casa do vovó Raimundo Deodato Noronha e vovó Justa Amélia Noronha , ela chorava rios , o Ricardo só sorria e assistia , pedimos para entrar na casa ,e ela ajoelhou-se diante do altar dos santos da vovó , e disse .
O nicho da vovó , eu quero levar ! Sempre aos prantos .
A casa era de outrem ,não era mais a casa de nossos avós , eu conseguia ver o quanto eles foram felizes ali .
Comendo queijos enormes ,bebendo caldo de cana , e até uma cachacinha o veio fazia e ainda tinha a Mimosa ,uma vaca que ao som do canto da vovó vinha a galope .
Tomamos banho no açude nus , eu entrei num mundo cheio de aridez e felicidade que outrora fora deles .
Até o fogão a lenha ainda estava lá .
Pisamos aquele chão tão peculiar , e vimos o tempo voltar .
fomos ao lugarejo e com a câmera no ombro meu irmão fingiu sermos repórteres da Globo e logo fomos sendo rodeados pelas pessoas , camionete potente , cameraman ,mulher bonita ,pronto acreditaram .
Então perguntamos pelo Senhor Raimundo Deodato Noronha , Justa Amelia Noronha e uma comadre da minha mãe de nome Netinha , foi respondendo a todas as perguntas .
Então num estalo ela disse .
Tu é filha da Maria Justa ,irmã da Bibiza ,Maria do Carmo , Gustinha ,Eunice , José , Batista , Nonato .?
E o choro durou mais trinta minutos ,e foi aquela alegria . e assim vi meus irmãos mais velhos entrando num túnel do qual eu não estava , mas mesmo assim até hoje busco sempre saber onde estão minhas outras raízes. Então Cleopatra Albuquerque, Remo Noronha venham ouvir mais causos da NOSSA FAMÍLIA .
Então vamos a ele .
Numa viagem ao Ceará eu , Regina e Ricardo desviamos a rota ,
e passamos no triunfo Terra de nossos avós , tínhamos em punho uma super câmera profissional , e para matar um pouco a saudade , minha irmã adentrou a porteira do Bonito , casa do vovó Raimundo Deodato Noronha e vovó Justa Amélia Noronha , ela chorava rios , o Ricardo só sorria e assistia , pedimos para entrar na casa ,e ela ajoelhou-se diante do altar dos santos da vovó , e disse .
O nicho da vovó , eu quero levar ! Sempre aos prantos .
A casa era de outrem ,não era mais a casa de nossos avós , eu conseguia ver o quanto eles foram felizes ali .
Comendo queijos enormes ,bebendo caldo de cana , e até uma cachacinha o veio fazia e ainda tinha a Mimosa ,uma vaca que ao som do canto da vovó vinha a galope .
Tomamos banho no açude nus , eu entrei num mundo cheio de aridez e felicidade que outrora fora deles .
Até o fogão a lenha ainda estava lá .
Pisamos aquele chão tão peculiar , e vimos o tempo voltar .
fomos ao lugarejo e com a câmera no ombro meu irmão fingiu sermos repórteres da Globo e logo fomos sendo rodeados pelas pessoas , camionete potente , cameraman ,mulher bonita ,pronto acreditaram .
Então perguntamos pelo Senhor Raimundo Deodato Noronha , Justa Amelia Noronha e uma comadre da minha mãe de nome Netinha , foi respondendo a todas as perguntas .
Então num estalo ela disse .
Tu é filha da Maria Justa ,irmã da Bibiza ,Maria do Carmo , Gustinha ,Eunice , José , Batista , Nonato .?
E o choro durou mais trinta minutos ,e foi aquela alegria . e assim vi meus irmãos mais velhos entrando num túnel do qual eu não estava , mas mesmo assim até hoje busco sempre saber onde estão minhas outras raízes. Então Cleopatra Albuquerque, Remo Noronha venham ouvir mais causos da NOSSA FAMÍLIA .
O comboio das almas
Em 1974 Seu Raimundo Deodato agonizava ao redor das
filhas e um rebanho de netos e netas , os filhos da Maria justa eram os mais Jovens e na casa da Tia Maria do Carmo o choro tava feito , enquanto os adultos se revezavam cuidando do vovô ,nós os pequenos nos espalhávamos pela floresta (nome do bairro da titia ) .
Quando íamos para lá o papai dizia-nos .
Cuidado com a bruxa da floresta ! No caso a titia !
Era muita gente numa casa pequena , mas aconchegante , e as comadres vinham aos montes . Meus irmãos mais velhos eram apaixonados por ele
Mas eu o achava muito rabugento , não sei se era por que eu era um cão de danada .
E de repente foi aquele alvoroço , o choro foi estridente , e o som do terço começou a ecoar pela casa inteira , nós pirralhada ficamos imoveis só com um grito da mamãe .
E o corre corre virou lamento , e o terço não cessava , e em coro nos respondíamos " rogai por nós que recorremos a vós na hora da nossa morte amém " e assim a longa noite se foi , e as velas espalhavam o cheiro da tristeza .
E o dia raiou e a pior hora começou , colocar vovô no carro que o levaria de volta a Redenção .
e Assim formou-se o Comboio das Almas , como sarcasticamente profetizou o papai , e foram sessenta e cinco km intermináveis , numa procissão sobre rodas .
E ao chegarmos lá nós crianças sumimos , e fomos desbravar Redenção que era linda , na hora do enterro quem mais chorava era minha prima Elizabete , e ao colocarem o caixão na cova foram junto a mamãe e a Elizabete descendo cova abaixo e o papai mais que ligeiro pegou a pá e disse :
Aproveita enterra os três e economizamos viagem !
E assim mais um causo da familia Noronha termina ou começa ?
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Voce voou longe ...
e mais longe ainda pousou e de lá .
Trouxe aquele que protege a Lua ,
a encantada agora ta nua .
Numa gaiola aprisionou o Santo , o cavalo e
o dragão .
Menino egoísta !
E os outros ?
Que acreditam nessa proteção .
Sei que os trouxe para mim , e eu
egoístamente adorei ...
Jorge é tu
O cavalo tua liberdade
O dragão tua arte .
E eu transformo-me nessa gaiola , para
sorrateiramente aprisionar-te .
Então não valeu tua intenção de dar-me
essa proteção ...
Adriana Noronha
Igual a ela
Nunca ouvi uma palavra de afago de minha mãe .
Ouvia seus gritos e ritos .
Ouvia suas proibições , e sentia seus beliscões ,
certas vezes a odiava .
Mas depois passava...
Mulher austera
extremamente severa ,
por muitas vezes megera .
E até que , virei tambem , uma mamãe ,
exatamente igual como ela .
Sua palma minha alma , e hoje sei o quanto ela me amava ,
me ama .
E só foi isso que aprendi a fazer ...
Não digo eu te amo , grito quando não obedecem
meus ritos .
Proíbo e belisco ,
Sou por muitas e muitas vezes tambem odiada ,
tal e qual .
Em plenos tempos modernos sou austera , severa
e uma megera .
Mas há uma imagem que nunca apagarei de minha alma ,
minha mãe rezando e clamando a Deus , pelos treze filhos seus .
E eu não muito diferente dela ...
Proteja meus quatro filhos das mazelas do mundo , é somente isso que
clamo a Deus .
Se não digo eu te amo , perdão ,
porém vocês estão em minha oração .
E onde vocês estiverem não se esqueçam de mim .
Eu os amo desse jeito assim .
terça-feira, 20 de agosto de 2013
- Nunca mais
E a noite tomou conta de meus sonhos ,
veio fria e escuramente negra .
O vento era denso e carregado de
coisa nenhuma .
As arvores agitavam-se e derrubavam os corvos
que dormiam de olhos abertos .
Ao longe cachorros ladravam .
Ou seriam os ladrões que roubavam ?
O som do sino na Matriz tornava
tudo mais tenebroso .
E o lampião da casa abandonada acendeu .
Uma luz amarelada pela solidão tomou forma .
O gato criatura da noite uivou como um
lobo louco e sanguinário .
E aquele som estridente e surdo ecoou
gélido e sombrio
E eu passeava em passos lentos
e o meu vestido ao vento .
E surge diante de mim aquele que
sempre temi .
E com o seu brilho opaco ofuscou
o tempo , o tempo ...
O tempo que fora nosso ,
nosso inimigo e algoz ...
E o céu revolveu-se em nuvens
cheias de uma chuva fria .
E a enxurrada nos afogou em sonhos
de lágrimas nunca choradas .
E aquela flauta doce tocava um som
amargo .
E eu que morro de dia no meio
dos vivos .
Vivo a noite no meio dos mortos
cheios de vida .
E em meus sonhos eu vou á terra do
nunca mais .
Adriana Noronha
domingo, 18 de agosto de 2013
Mundo meu
As vezes ouço muitas vozes dizendo sempre o que devo fazer ou o que não devo ,
gente , pessoas , algaravia , confusão ,
e em meio a essa multidão que só fala , fala , fala .
Eu prefiro o barulho ensurdecedor dos meus pensamentos .
Ai me perco na imensidão daquilo que acredito .
Mesmo sabendo que só eu creio que o mundo é um lugar bom de se viver .
Mesmo que ele só exista ali dentro de mim , um mundo cheio de cores ,
flores mil , um lugar que em nenhum outro lugar, existiu .
Então corro livre em meus sonhos , e o céu não é vazio ,
e sim cheio de acordes de arpas delirantes , inebriantes ,
e o aroma de vida vem num vento cheio de esperança .
Em um dourado cavalo alado sigo rumo ao Sol , porém olho ao redor
e numa reviravolta louca vejo a lua ,
que me chama e clama dizendo que a vida é minha e sua .
E o sentido da vida invade por minhas estranhas entranhas ,
e na sensação que só meu coração pode sentir ,
eu acordo e vejo que meu mundo não é aqui .
Então mergulho no mar ,
purifico minh'alma e outra noite virá
e ao meu mundo poderei retornar .
Adriana Noronha
As vezes ouço muitas vozes dizendo sempre o que devo fazer ou o que não devo ,
gente , pessoas , algaravia , confusão ,
e em meio a essa multidão que só fala , fala , fala .
Eu prefiro o barulho ensurdecedor dos meus pensamentos .
Ai me perco na imensidão daquilo que acredito .
Mesmo sabendo que só eu creio que o mundo é um lugar bom de se viver .
Mesmo que ele só exista ali dentro de mim , um mundo cheio de cores ,
flores mil , um lugar que em nenhum outro lugar, existiu .
Então corro livre em meus sonhos , e o céu não é vazio ,
e sim cheio de acordes de arpas delirantes , inebriantes ,
e o aroma de vida vem num vento cheio de esperança .
Em um dourado cavalo alado sigo rumo ao Sol , porém olho ao redor
e numa reviravolta louca vejo a lua ,
que me chama e clama dizendo que a vida é minha e sua .
E o sentido da vida invade por minhas estranhas entranhas ,
e na sensação que só meu coração pode sentir ,
eu acordo e vejo que meu mundo não é aqui .
Então mergulho no mar ,
purifico minh'alma e outra noite virá
e ao meu mundo poderei retornar .
Adriana Noronha
Pensas que sabe voar !
Então tenta , vai tenta , voa
voa ...
Não te faltas algo ?
Olha pra ti e não vês !
Tenta , voa , voa , voa ...
Para voar seriam necessárias duas ,
duas asas .
Não dois corações !
O meu e o teu não te fazem voar ,
não te levam aos céus .
Tens medo de quê ?
O mundo é pequeno pra ti ,
deita e dormes .
A asa que te faltas é a coragem ,
mates esse medo .
Vais ser livre , é , livre de mim ,
mas leves outra asa e voe sim .
Vá ao mais infinito dos céus , ultrapasse
as nuvens , alcance o teu universo .
Mas lembres que o Sol está lá a te espreitar
não caias no fogo dessa ilusão .
Voe , fly , flua , que o vento te levará ,
mas não esqueças , onde é o seu lugar .
Os anjos são bons , porém um deles sabe
enganar .
Enganar os tolos que ainda não aprenderam
a voar .
E ao precipício te empurrar .
Todos os anjos são lindamente iguais ,
mas o anjo mal esta lá .
Para voar são necessárias duas ,
duas assas .
Para poderes ir e voltar .
Adriana Noronha
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Antiga casa
Um monstro gigantesco longo , forte , voraz , e cheio de vidas sem rumo ,
a procura de um rumo qualquer .
Veio numa velocidade descomunal e esmagou aquela antiga casa ,
aquela casa antiga .
E foram ruindo todos aqueles tijolos , telhas vermelhas e encardidas
de carmim .
O tempo carcomeu aquelas vidas que lá haviam , e outras vidas chegaram
mas eram medíocres vidas .
Hoje olho aquele lugar e posso vislumbrar os seres noturnos que espalhavam-se ao anoitecer , espalhavam-se entre os vivos .
Mas só eu os conseguia ver , um corpo esquelético de longos cabelos grisalhos e unhas afiadas e negras , de olhos sem luz .
Um cachorro de olhos de fogo , uma gia que piava , um gato negro que não miava , urrava , e o morcego com seu voo rasante !
O quintal possuía arvores que tinham mãos , folhas inebriantes e urticantes , seus frutos eram proibidos e amargos .
Porém havia uma luz ofuscante e dentro dela aquela que chamava-se Lídia , vovó ,
é vovó ...
E som dos tubos do orgão da igreja deixavam tudo fantasticamente pavoroso , escuro e assombroso , nem a Lua nem as estrelas se atreviam .
Essa era minha casa , minha imaginação , minha frustração de não ter tido um avô e uma avó que me contassem histórias de assombração .
Adriana Noronha
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Iemanjá
Sob o Sol do árido sertão o franzino menino , corria alegre e era feliz
e naquela água barrenta , sua sede matou .
Porém ela o viu , encantou-se pelo franzino menino e em seus sonhos
ela entrou .
E assim aquela água barrenta em mar transformou-se e como em ondas
gigantes ela o trouxe .
E o menino cresceu , em homem transformou-se , e com suas cores
seguiu pintando o mundo .
E perto da brisa do mar ela em desenho transformou-se , seu presente a
Iemanjá , era sua beleza retratar .
E ela dali daquele mar sempre esteve a lhe guardar .
E os ventos vieram e foram e voltaram até que ela permitiu , que
à sua Terra árida o menino franzino ...
Pudesse voltar .
E de novo pudesse nas águas barrentas sua sede matar .
Benvindo ao seu lugar .
Menino franzino que todas as cores soube , domar .
Adriana Noronha .
Sob o Sol do árido sertão o franzino menino , corria alegre e era feliz
e naquela água barrenta , sua sede matou .
Porém ela o viu , encantou-se pelo franzino menino e em seus sonhos
ela entrou .
E assim aquela água barrenta em mar transformou-se e como em ondas
gigantes ela o trouxe .
E o menino cresceu , em homem transformou-se , e com suas cores
seguiu pintando o mundo .
E perto da brisa do mar ela em desenho transformou-se , seu presente a
Iemanjá , era sua beleza retratar .
E ela dali daquele mar sempre esteve a lhe guardar .
E os ventos vieram e foram e voltaram até que ela permitiu , que
à sua Terra árida o menino franzino ...
Pudesse voltar .
E de novo pudesse nas águas barrentas sua sede matar .
Benvindo ao seu lugar .
Menino franzino que todas as cores soube , domar .
Adriana Noronha .
Assinar:
Comentários (Atom)