terça-feira, 20 de agosto de 2013



    • Nunca mais 


      E a noite tomou conta de meus sonhos ,
      veio fria e escuramente negra . 
      O vento era denso e carregado de 
      coisa nenhuma .
      As arvores agitavam-se e derrubavam os corvos
      que dormiam de olhos abertos .
      Ao longe cachorros ladravam .
      Ou seriam os ladrões que roubavam ?
      O som do sino na Matriz tornava
      tudo mais tenebroso .
      E o lampião da casa abandonada acendeu .
      Uma luz amarelada pela solidão tomou forma .
      O gato criatura da noite uivou como um
      lobo louco e sanguinário .
      E aquele som estridente e surdo ecoou
      gélido e sombrio
      E eu passeava em passos lentos
      e o meu vestido ao vento .
      E surge diante de mim aquele que
      sempre temi .
      E com o seu brilho opaco ofuscou
      o tempo , o tempo ...
      O tempo que fora nosso ,
      nosso inimigo e algoz ...
      E o céu revolveu-se em nuvens
      cheias de uma chuva fria .
      E a enxurrada nos afogou em sonhos
      de lágrimas nunca choradas .
      E aquela flauta doce tocava um som
      amargo .
      E eu que morro de dia no meio
      dos vivos .
      Vivo a noite no meio dos mortos
      cheios de vida .
      E em meus sonhos eu vou á terra do
      nunca mais .


      Adriana Noronha

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Alguém que já sentou na lua.