- Nunca mais
E a noite tomou conta de meus sonhos ,
veio fria e escuramente negra .
O vento era denso e carregado de
coisa nenhuma .
As arvores agitavam-se e derrubavam os corvos
que dormiam de olhos abertos .
Ao longe cachorros ladravam .
Ou seriam os ladrões que roubavam ?
O som do sino na Matriz tornava
tudo mais tenebroso .
E o lampião da casa abandonada acendeu .
Uma luz amarelada pela solidão tomou forma .
O gato criatura da noite uivou como um
lobo louco e sanguinário .
E aquele som estridente e surdo ecoou
gélido e sombrio
E eu passeava em passos lentos
e o meu vestido ao vento .
E surge diante de mim aquele que
sempre temi .
E com o seu brilho opaco ofuscou
o tempo , o tempo ...
O tempo que fora nosso ,
nosso inimigo e algoz ...
E o céu revolveu-se em nuvens
cheias de uma chuva fria .
E a enxurrada nos afogou em sonhos
de lágrimas nunca choradas .
E aquela flauta doce tocava um som
amargo .
E eu que morro de dia no meio
dos vivos .
Vivo a noite no meio dos mortos
cheios de vida .
E em meus sonhos eu vou á terra do
nunca mais .
Adriana Noronha
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Alguém que já sentou na lua.