quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Antiga casa
Um monstro gigantesco longo , forte , voraz , e cheio de vidas sem rumo ,
a procura de um rumo qualquer .
Veio numa velocidade descomunal e esmagou aquela antiga casa ,
aquela casa antiga .
E foram ruindo todos aqueles tijolos , telhas vermelhas e encardidas
de carmim .
O tempo carcomeu aquelas vidas que lá haviam , e outras vidas chegaram
mas eram medíocres vidas .
Hoje olho aquele lugar e posso vislumbrar os seres noturnos que espalhavam-se ao anoitecer , espalhavam-se entre os vivos .
Mas só eu os conseguia ver , um corpo esquelético de longos cabelos grisalhos e unhas afiadas e negras , de olhos sem luz .
Um cachorro de olhos de fogo , uma gia que piava , um gato negro que não miava , urrava , e o morcego com seu voo rasante !
O quintal possuía arvores que tinham mãos , folhas inebriantes e urticantes , seus frutos eram proibidos e amargos .
Porém havia uma luz ofuscante e dentro dela aquela que chamava-se Lídia , vovó ,
é vovó ...
E som dos tubos do orgão da igreja deixavam tudo fantasticamente pavoroso , escuro e assombroso , nem a Lua nem as estrelas se atreviam .
Essa era minha casa , minha imaginação , minha frustração de não ter tido um avô e uma avó que me contassem histórias de assombração .
Adriana Noronha
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Alguém que já sentou na lua.