terça-feira, 28 de outubro de 2014

O sabiá vaidoso    /                                                  Povo lá do Sul
Um sabiá vaidoso do seu canto,   /                             O sábia vaidoso pode ser
Se julgava um maestro quase santo     /                     talvez o brasileiro que esta
E de todas as aves a primeira     /                              morando ou nasceu no Sul
Na linda copa de uma laranjeira.  /                              e Sudeste do Brasil .
Seu gorjeio repleto de doçura   /                                 E na sua convicção julga-
Despertava saudade, amor ternura,  /                         se superior aos Brasileiros
De orgulhoso e vaidoso ele pensava  /                       que estão na parte superior
Que o mundo inteiro a ele se curvava,  /                     geograficamente falando do
Com a força vibrante da harmonia mapa , /                 então subentende-se
Novas notas criou naquele dia.     /                             sermos TODOS do Brasil .
Um simples passarinho, uma avezinha,  /                   As avezinhas somos nós
Que nem sequer no mundo um nome tinha, /              Nordestinos e Nortistas que
Por direito que assiste ao passarinho   /                     em nenhuma circunstância
Naquela copa fez também seu ninho  /                       somos inferiores ao "povo"
E modesto, com muita singeleza,  /                           do Sul ,somos iguais em
Obedecendo à sábia natureza,   /                               inteligência,caráter ,atitude
Cheio de vida o seu biquinho abriu:   /                        perspicácia e moral .
Piu, piu, piu, piu, piu   /                                             a única coisa que temos de
Piu, piu, piu, piu, piu   /                                             sobra é a alegria de viver
Piu, piu, piu, piu, piu. /                                              somos todos perfeitos .
O sabiá se achando enfurecido,   /                             E mesmo que o sábia fique
Para ele falou, seu atrevido! /                                   enfurecido não adianta gritar
Com este canto que soltaste agora /                         somos tudo do mesmo saco
Tu desvirtuas minha voz sonora, /                            a história da nação começou
Com a tua cantiga dissonante /                                 aqui nos quintos do infernos
Tu não passar de um bicho ignorante,   /                   fomos herança de uma raça
Eu não quero te ouvir perto de mim,  /                       banida filhos de presos e de
Quem te ensinou cantar tão feio assim?  /                 degradados ,somos fdps .
Do passarinho pobre de harmonia, /                           A evolução dessa nação só
Mas muito rico de filosofia,    /                                  será plena quando formos
Logo a resposta o sabiá ouviu: /                                unidos pelo mesmo laço,
Este meu canto piu, piu, piu, piu, piu, raça ,/              por todas as cores
Que o destino fiel me permitiu /                                 e principalmente pelo amor
Para ninar os filhotinhos meus       /                          ao próximo e acima de tudo
Seu sabiá quem me ensinou foi Deus! /                     pelo respeito recíproco .

Patativa do Assaré                                                   Adriana Noronha

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sarau de Júpiter


E todos encontram-se num lugar mágico , num velho prédio
de paredes opacas ..
Eles são como cavaleiros marginais , que trazem no coração
a arte de fazer arte .
E as belas donzelas , querem ser musas , mas são apenas
belas meninas em corpo de mulheres crescidas ...
E a noite adentra em suas almas , naquele lugar não tão belo
mas infinitamente lindo .
Tem o cheiro de um quarto de dormir , em seus sonhos é melhor
que mergulhar num ribeirão .
Mas o lugar tem um dono chamado Júpiter , que entre eles e elas
passeia calado , observando os cavaleiros e as doces donzelas .
E inebriados de tantas cores , não percebem o Anfitrião celestial
que é o maior de todo Sistema Solar .
E nas quintas encantadas ele vem em forma de arte invadir
aquelas vidas .
E lá não existem as cores mórbidas do infinito , só cores multicoloridas ,
as cores do amor a arte .
O Sarau de Júpiter é um lugar mágico , é um mágico lugar onde as
cores sórdidas do Mundo real transformam-se numa cor translúcida .
E os mistérios da vida são desnudados , o manto da noite encobre-os
com a brisa fina chamada inspiração e ilusão .


Adriana Noronha
E os anos eram cheios de cores , de flores e muitos amores
dias de harmonia , muitas frutas e sorrisos ...
Entre linhas e laçadas fizemos nossas vidas , um ponto aqui outro
ali , e das mãos mágicas surgiu o mais belo entre os belos .
Tudo era uma grande família , uma família inteira ,
todos juntos ...
Mas o tempo veio e em nuvens carregadas , trouxe os ventos
que tudo espalham ...
A tempestade veio ,levou tudo pra longe , pra longe do coração
pra longe de nós .
E eis que Deus olhou-nos e para os tempos vindouros mandou o mais
belo presente ...
E o vazio preencheu-se de esperança ,vejo um sinal de glória , um
mensageiro alado fala num tempo dourado ...
E os anos vindouros viram cheios de cores , de flores e muitos amores
dias de harmonia , muitas frutas e sorrisos .

Adriana Noronha

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Obscura

O manto escuro da noite não me mete medo
as estrelas estão ali em algum lugar ...
As criaturas noturnas não me assombram
elas só vagam livres , livres ao sereno .
Aquela estrada vazia é minha companheira
afinal ela leva-me pra casa .
A Lua vez ou outra muda de forma , afina , escurece ,
as vezes e só um arco , mas sempre brilha pra mim .
E o meu caminho noturno vem cheio de lembranças ,
e pressa em chegar ...
Ah,  o carro , quentinho , veloz , som  de um rock estridente
um cachorro que atravessa , as vezes um preto gato ...
Ao longe vejo a janela , luzes acessas alguém a me esperar
as vezes acordando , de vez em quando dormindo , mas sempre a me esperar .
Ao portão eis que a sabedoria encontro , uma criatura noturna de olhos de
fogo , ali parada ,quieta , firme , observando-me .
Ela olha , olha , não sei o que ela vê , fico alguns segundos parada , talvez
extasiada de crer que essa criatura da noite é dócil , doce , mansa ...
Portanto a única coisa que já temi foi uma criatura andante , de passos errantes ,
silenciosa e nefasta ...
Que ainda existe , porém esta bem longe de mim , e estou livre de meu maior
pesadelo por séculos sem fim .
Assim são meus caminhos noturnos , o manto escuro da noite é mais claro que
uma pessoa obscura ...

Adriana Noronha

sábado, 30 de agosto de 2014

Sapatos alados 

Hoje eu acordei muito alegre ,senti o aroma do café invadindo nossa casa ,leite derramando , um cuscuz feito no prato coberto com um pano limpinho e úmido , suco de caju ,ovos , manteiga Itacolomi , uma mesa farta e cheia de meninos e meninas ...
Muita gente , algaravia , confusão , um cubano acesso na mão do papai , mamãe contando as cabeças e conferindo os pratos e xicaras de fina porcelana , minha vida .
Olhei o relógio que badalou seis da matina , vesti minha farda colegial e calcei meus mágicos sapatos de boneca , sapatos de menina ...
Eu adorava estar dentro deles , no rádio tocava your song , aqueles sapatos alados assim como meu coração seguiam junto comigo pelas ruas cheias de gente , carros , barulho , fumaça , semáforos , correria , e assim eu ia , assim eu vivia ...
Á frente do Colégio carros parando , meninas descendo e adentrando , um mundo de conhecimento a nos esperar , hipocôndrias , numeros primos , semântica , a soma dos quadrados dos catetos , golpe de 64 , angulo obtuso , tabela periódica , recreio , sorvete ,
piano , bordados , artesanato ,educação fisica ,freiras , vigilância , traquinagem , disciplina e um grande amor dentro do coração era assim minha vida de menina ...
A volta para casa , de novo ruas cheias de gente , carros , barulho , fumaça , semáforos , correria , e assim eu ia , assim eu vivia ...


Adriana Noronha

segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Felicidade é ...

Ver a aurora
acordar fora de hora .
Pendurar muitas roupas no varal
ter flores vermelhas no quintal .
Um gato a miar
um cachorro sempre a te acompanhar .
Uma casa para arrumar
muitas pessoas pra bagunçar .
Frutas no pomar
hortaliças para a comida aromatizar .
Os quartos dos meninos
que cresceram ...
da moça que é estudante ,
Saudades da moça gestante
que trará o melhor presente .
E o marido na eterna labuta
homem de invejada conduta .
Ter muitos santos no altar
uma casa pra chamar de lar .
Uma saudade eterna no coração
Ser mãe
ter mãe e muitos irmãos e irmãs .
ser professora , ou melhor , educadora .
Felicidade é ...
Ser a aurora
ontem hoje e agora .

Adriana Noronha
 O tempo vindouro

Os sons dos tempos vindouros ,chegam aos meus ouvidos , as batidas
já estão na porta da frente .
Será que o tempo virá assim tão repentinamente ?
Afinal ainda há tanto o que vivermos !
Queria poder adormecer o tempo ...
Acalmar os ventos !
Adiar o dia do meu lamento .
Eu fico sem jeito , calada , afogada na incerteza da vida .
Mas com a firme esperança de girar em volta de mim , e tornar a vê-la a cuidar da gigante prole .
Quero tentar reviver , pois no fundo sou aquela eterna criança , que não desejou crescer e não soube como amadurecer .
O tempo bem que poderia me esquecer !
Muito falam que o amor é paz .
Mas pra mim ele nunca jaz .
Muitos mundos , num só mundo ...
Muitos caminhos , longincuos caminhos .
Mas que nos levam de volta sempre ao mesmo LAR .
E todos nós queremos LAR ficar ...
Lar bem pertinho de voce .
Eu não posso morrer de amor e por amor não posso calar .
Só quero que tu voltes ao teu devido lugar .

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Foto: Rosa Maria.Tambem sou assim                                                                                                                                                                        Lasciva , 
arrogante , por vezes estupida , 
ignorante , dissimulada , falsa , ignóbil ,
 pernóstica , indecisa , maléfica,
desconfiada , mascarada , dura , débil , preguiçosa, mentirosa
indecente , 
odiosa , fraca , desajeitada , insana ... 
Então a noite passa , saio desse transe , acordo e vou viver normalmente . 
Vou viver fora de mim .

Adriana Noronha 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Foto: Lar longe 

Tarde da noite acordei com o barulho dos pavões 
os cachorros ladravam , as galinhas se espalharam os gansos agitaram-se ,chocalhos tilintavam ,os pássaros arribaram tudo acordou menos os que aqui dormiam ...
O frio cortava qualquer viva alma , olhei pela janela e lá  estava ela  , e minha fogueira
na malhada da casa ainda ardia ...
Desci as escadas e fui até lá fora  ,e vi  que de prateado a Lua  pintava meu refugio escondido , sentei e fiquei ali e ali fiquei fitando aquela que veio minha noite enfeitar e iluminar .
E  como mágica voltei ao meu lar , lar bem longe , lar longe daqui , caminhei por entre as arvores , e na casa entrei , todos tambem dormiam , e eu estava ali o olha-los em seu sono dos justos ...
Justamente eu , que nunca deveria de lar ter saido , nunca deveria ter crescido e fugido para longe de lar ,  e antes do raiar do dia a Lua veio e mostrou-me ...
Que lar ,não é mais o meu lugar ,e eu dei mais uma olhada em meu pai ,minha mãe e meus irmãos e irmãs , que outrora me fizeram tão feliz ...
O que foi que eu fiz ?
Cresci , foi mesmo ó ! 
Cresci ...
Então me deu saudade do meu refúgio escondido ,longe das buzinas das grandes avenidas e das esquinas , e lá vi que poderia tambem ser aquela feliz menina .
E de novo minha Lua me trouxe inteira para meu real LAR , aqui pertinho de mim meus filhos e filhas e aquele que Deus fez questão de me presentear  ...
E devagarinho a Lua beijei , entrei em meu  Lar meus filhos dormindo olhei , e no lugar mais seguro que existe me aninhei ...
E senti o calor de uma alma que fundiu-se a minha ...
Eu vim de lar longe e encontrei tambem um LAR DOCE LAR .

Adriana NoronhaLar longe 

Tarde da noite acordei com o barulho dos pavões 
os cachorros ladravam , as galinhas se espalharam os gansos agitaram-se ,chocalhos tilintavam ,os pássaros arribaram tudo acordou menos os que aqui dormiam ...
O frio cortava qualquer viva alma , olhei pela janela e lá estava ela , e minha fogueira
na malhada da casa ainda ardia ...
Desci as escadas e fui até lá fora ,e vi que de prateado a Lua pintava meu refugio escondido , sentei e fiquei ali e ali fiquei fitando aquela que veio minha noite enfeitar e iluminar .
E como mágica voltei ao meu lar , lar bem longe , lar longe daqui , caminhei por entre as arvores , e na casa entrei , todos tambem dormiam , e eu estava ali o olha-los em seu sono dos justos ...
Justamente eu , que nunca deveria de lar ter saido , nunca deveria ter crescido e fugido para longe de lar , e antes do raiar do dia a Lua veio e mostrou-me ...
Que lar ,não é mais o meu lugar ,e eu dei mais uma olhada em meu pai ,minha mãe e meus irmãos e irmãs , que outrora me fizeram tão feliz ...
O que foi que eu fiz ?
Cresci , foi mesmo ó !
Cresci ...
Então me deu saudade do meu refúgio escondido ,longe das buzinas das grandes avenidas e das esquinas , e lá vi que poderia tambem ser aquela feliz menina .
E de novo minha Lua me trouxe inteira para meu real LAR , aqui pertinho de mim meus filhos e filhas e aquele que Deus fez questão de me presentear ...
E devagarinho a Lua beijei , entrei em meu Lar meus filhos dormindo olhei , e no lugar mais seguro que existe me aninhei ...
E senti o calor de uma alma que fundiu-se a minha ...
Eu vim de lar longe e encontrei tambem um LAR DOCE LAR .

Adriana Noronha
Duas faces 

Tenho duas faces 
um lado ruim e o outro pior ...
Meus sonhos não me permitem ser bom , os bons 
sempre esmagados morrem , morrem e morrem ...
O Mundo é daqueles que tem duas facetas 
eles enfeitam de flores seus inimgos , e esfolam seus
cosanguíneos ...
A roda que gira o Mundo é a ganância , opulência , é a
demência , de sempre querer mais ,querer até o que não é
teu !
Os olhos só vêem aquilo que acreditam ser real , e realmente é bem melhor
ser o melhor de todos , mesmo que para isso tenhamos que enterrar velhos
valores , e semear futuros rancores .
E a vida segue a vida passa , o relógio gira , o Sol se vai , a Lua surge , a chuva
molha , o rio seca e torna a transbordar em correntes que tudo arrastam , que
tudo derrubam ,deixando o leito da vida nú ...
E eu vou vivendo , entre os vivos que pensam existir , pois os mortos já estão mortos
e a humanidade corre para longe , longe de si ...
Os céus estão ali , passando , movendo-se , e passando por nós que nunca o comtemplamos .
O único céu que ora merecemos talves seja a abobada selvagem da boca da onça ,
ledo engano ...
Os selvagens somos nós , que escondemos lá dentro aquilo que nunca seremos ,pois
somos uma xerox de alta resolução daquilo que chamamos Mundo Cão !
Nos distanciamos da evolução , estamos desevoluindo e dilindo nossas esperanças , pois a esperança é o pior mal que nos foi legado ...
Não sabemos usar o último item da caixa da tal Pandora !
E agora ?
Sei lá , acho que vou deixar tudo como esta !
Eu não busco nada ,pois sei que lá nada vou achar ...


Adriana Noronha

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Futuros dias

O ontem era tao bonito
cheio de cores , crianças sujando o sofa ,
e eu la toda hora a limpar , a brincar , nunca brigar , ria daquilo e feliz vivia .
Eu os vi serem gerados , os vi nascerem , cresceram perTinho , traziam muito
barulho ,algaravia , confusao , e moravam la no lugar mais macio do meu coração .
Mas aquele dia passou antes em meus sonhos dantescos , sonhos rasteiros ,numa
noite fria acordei e vaguei perdida naquela bruma , daquele sonho nao lembrei e o
seu encanto nao quebrei ...
Raiou o Sol , o dia estava lindo e pra longe eu estava indo , tudo estava preparado pelo destino que ja havia traçado , pedi , implorei clamei ...
E o sonho tomou forma e pesadelo virou , eles escarneceram-me , nao lembraram o que fomos , rasgaram com suas garras ate entao escondidas a historia de nossas vidas ...
Mas hoje compreendo que o sonho era para salvar-me , tirar-me dali , e as brumas escondiam e preservavam a minha paz de espirito , o tempo encarregou-se de apagar aquilo que nao adiantava consertar ...
E o som de uma nova era se ouvia , os ventos levaram pra longe o mal , e o sal da terra brotou outras flores , a vida acordou em outros sabores e aumentaram meus saberes , dali nao sinto mais falta ...
E os sonhos podem ser sonhados numa noite que vem alegre ,mansa e serena , a brisa e suave , aumentou minha sorte e acalmou-se o romper do destino , e a lei divina esta quieta ...
Ouço flautas doces , arpas encantadas , novas flores nascem anunciando que o melhor esta por vir ...
Que comece minha nova vida e que minha vida nova seja assim ...
Sinto-me a correr num teclado de um grande piano de onde soam acordes magicos e cheios de harmonia , e muitas notas musicais seram criadas para entoarem meus futuros dias ...


Adriana Noronha

quinta-feira, 19 de junho de 2014

natação

Hei de voltar 

Fiz minhas malas , nelas coloquei todas as minhas 
saudades e fui ...
Atravessei os mares de minha existencia , em muitas 
aguas mergulhei !
Sempre com o passo adiante , nao olhei para tras , e fui
fui mais .
No caminho longo nao via nada , nem o alem mar ...
Onde sera que devo estar ?
De repente paro naquela esquina , e tentei achar meu
tempo de menina .
Carros pra la e pra ca , o sino da igreja a badalar , muita
gente a passar .
Parei diante daquilo que chamam lar , duas palmeiras uma
larga porta .
Pessoas entravam saiam , estranhos , crianças crescidas
no tempo esquecidas .
O tempo era outro , haviam novos intrusos , os reis morreram
outros reis foram postos .
Nada era mais meu , nem meu quintal , eram outras roupas no varal
os quadros amarelaram , o relogio sumiu ...
E aquela que em todos mandara , estava ali sentada a porta olhando o tempo
passar ou quem sabe ...
O tempo vir lhe buscar ...
O tempo passou por mim e nao me levou .
Ou o tempo nao me trouxe ?
E hoje perdi meu tempo pensando que ao voltar eu ia encontrar tudo , tudo mesmo
no seu devido lugar ...
Nao bati na porta da frente , fiquei sem jeito e calada , pois pelo tempo fui enganada
e ele so deixou as folhas caidas em meu coraçao ...
O tempo girou em volta de mim , sussurou ao meu ouvido e apagou meus caminhos ,
e eu nao soube como uma fruta, amadurecer .
So vi meu corpo crescer e criança nunca deixei de ser .
Minha terra e a do nunca ,e talves eu nunca ache o caminho de volta , mas sempre em meus sonhos pra casa hei de voltar .
Adriana Noronha 

terça-feira, 17 de junho de 2014



Blue jeans 

E a porta abre-se num ranger silencioso e aterrador ,
e de novo aquela sombra malefica entra naquela alcova ...
O mundo la fora dorme , a noite e densa e fria , meias paredes
em forma de muralhas ...
Dois inocentes pueris adormecidos em um beliche de escura imbuia ,
sobre seu leito moveis suspensos no ar ...
E aquela criatura andante que canta e os males espalha , com uma voz
mansa ...
Aqueles olhos de fogo , olhos que desejam uma carne casta !
Na casa ecoa um choro recem chegado ao mundo , providencia divina
que veio salvar a bela menina .
Um salto e um pulo , e num rapido girar de chave , ela pode seu coraçao
acalmar .
Vestiu-se em seu velho e protetor blue jeans , e assim esperar aquela noite
passar ...
Deita-se ao lado da companheira que e feita de pano , mas pensa como um
ser humano ...
E sonha estar andando no longincuo lar , onde podia dormir , deitar e despertar
para a alegre vida ...
Mas ao acordar via de novo tudo aquilo recomeçar ...
Somente ela via a face do mal .
Mas esse mal nunca a venceu ,
E hoje se rejubila pois esse mal nunca a pertenceu ...

Adriana Noronha

terça-feira, 27 de maio de 2014




Mais uma noite se foi ,e ficou escrito no livro da vida ,da nossa vida que outrora foi perfeita ,que os bons tempos podem voltar, todos ao redor de uma enorme mesa de tampo de madeira e pes de ferro .

Onde ali fomos crescendo , nos transformando e sumindo uns dos olhos do outros , mas continuamos uma vez ou outra a nos acharmos ao redor dessa velha mesa ...
Mesmo banco ,mesmas panelas , e o mesmo cheiro daquela comida que hoje e feita por outras maos .
E assim sera por todo o tempo em que a MATRIARCA insistir em existir , nos filhos e filhas da Maria Justa seremos sempre " unidos ao seu redor " .
E aquelas arvores nos salvara de nos mesmos , e seremos os mesmos irmaos e irmas de sempre , alegres ,unidos ,e livres de todas as mazelas do mundo adulto .
Do adulto mundo que nos transforma em silvicolas , em pessoas robotizadas , e cegas pela ganancia de ter sempre mais ,de querer dominar ,ou se transformar em opressor ,para nao ser oprimido .
Para o tempo que eu quero viver mais um pouco perto de voces ...
A vida deveria ser facil de viver , deveria sempre ser domingo embaixo daquela mangueira e nossa vida seria uma eterna brincadeira .

Adriana Noronha

sábado, 26 de abril de 2014

Foto: Sem ponto final 

Quero escrever outras historias , 
num livro de  brancas paginas ...
Devo esquecer minhas memorias ?
De repente lanço meu lapis no papel e ele guia 
minha mao , desenha minha letra ja desenhada e vai , desliza ,vira , volta , para e solta o verbo , o adjetivo , muitos substantivos , uma virgula vem , dois pontos tambem , assim eu vou , alias , levada sou ...
Passo perto de minha infancia , uma casinha minuscula , depois um casarao , um enorme quintal , muitas roupas coloridas no varal , e sempre o eterno fogao , muita fruta que cai no chao , muitas almas , pantomias e assombraçao .
Muita gente algaravia confusao , meninos , meninas , bicicletas , colegio , nataçao , mar , quartel , carnaval , Sao Joao , dia de finados , natal ...
Ah o Natal ! 
O tao esperado natal , peru , vinho , arvore , presentes , e sempre um longe , um ausente , muito melancolico , missa do galo , casa cheia de gente , cheia de nos !
Ate que todos crescem , o primogenito acorda morto em pleno natal , Deus errou o alvo .
E assim a vida segue , se vai o pai , mais um e ceifado , e mudam-se os reis , elas tomam as redeas , seguram o nosso  Mundo como Atlas , e nos erguem outra vez , agora e das mulheres a vez ...
E o lapis me engana , eu nao tenho historias , so tenho memorias de um tempo perdido , solto ao vento , e nao lamento , pois viveria tudo outra vez , faria do mesmo jeitinho , entraria de novo no mesmo ninho .
Mesma casa , mesma mae , mesmo pai , e os mesmos treze irmaos , seria aquela feliz menina , e continuaria a ser assim por todo o breve longo tempo de minha vida  ...
E as reticencias me acompanhariam doravante e o ponto final nunca aparecia , e assim para sempre seria .
Sem ponto final 

Quero escrever outras historias , 
num livro de brancas paginas ...
Devo esquecer minhas memorias ?
De repente lanço meu lapis no papel e ele guia 
minha mao , desenha minha letra ja desenhada e vai , desliza ,vira , volta , para e solta o verbo , o adjetivo , muitos substantivos , uma virgula vem , dois pontos tambem , assim eu vou , alias , levada sou ...
Passo perto de minha infancia , uma casinha minuscula , depois um casarao , um enorme quintal , muitas roupas coloridas no varal , e sempre o eterno fogao , muita fruta que cai no chao , muitas almas , pantomias e assombraçao .
Muita gente algaravia confusao , meninos , meninas , bicicletas , colegio , nataçao , mar , quartel , carnaval , Sao Joao , dia de finados , natal ...
Ah o Natal !
O tao esperado natal , peru , vinho , arvore , presentes , e sempre um longe , um ausente , muito melancolico , missa do galo , casa cheia de gente , cheia de nos !
Ate que todos crescem , o primogenito acorda morto em pleno natal , Deus errou o alvo .
E assim a vida segue , se vai o pai , mais um e ceifado , e mudam-se os reis , elas tomam as redeas , seguram o nosso Mundo como Atlas , e nos erguem outra vez , agora e das mulheres a vez ...
E o lapis me engana , eu nao tenho historias , so tenho memorias de um tempo perdido , solto ao vento , e nao lamento , pois viveria tudo outra vez , faria do mesmo jeitinho , entraria de novo no mesmo ninho .
Mesma casa , mesma mae , mesmo pai , e os mesmos treze irmaos , seria aquela feliz menina , e continuaria a ser assim por todo o breve longo tempo de minha vida ...
E as reticencias me acompanhariam doravante e o ponto final nunca aparecia , e assim para sempre seria .

sexta-feira, 25 de abril de 2014


Nao somos , sumimos


Olho la distante e vejo como fomos ,
dias cheios de vida , crianças correndo , derrubando tudo , passando por baixo da mesa , gritando , e sorrindo quando brigamos .
E de noite um sono tranquilo , o sereno calmo embalando a rede , e a tv ligada pra nimguem .
Ai pergunto !
O que fizemos a nos ?
O meu amor era so deles , dois coraçoes que tambem eram meus ...
Ai veio voce e que nao acreditou em nos !
E desuniu nossos mundos ...
E se foi , sumiu .
Posso morrer de amor .
Mas por amor tambem posso calar ...
E em meus sonhos , ve-los de novo aqui chegar .
Voce separou nossas estradas .
Entao deixa assim ...
Eu te perdi a fe .
Eu ja estou de pe ...
Eu , eu , eu sou so eu .
Na vem , nao volta , vai adiante .
Tu , tu , tu e so tu mesmo .
Tu e eu nao somos mais nos .
Ja fomos pra longe ,
longe de nos .
Somos eu sem tu
Somos tu sem eu .
Nao somos mais nos .
Nos nao somos mais .
E onde voce estiver eu nao estarei .
Talves eu pense que por um momento que tu pensas em mim .
E talvez tu acredites que penso em ti .
Ledo engano .
So sobrou o abandono .
Eu consigo apagar voce da minha vida .
Somente voce apago .
E aqueles dois coraçoes eu guardo .
Guardo em mim ,
pois acredito nao ser tao ruim assim .
Adriana Noronha

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Fantasmas

Fantasmas 



Só quem viveu e ainda vive lá naquele encantado lugar
pode entender esses raios de vida .
Talvez sejam rastros daqueles que se foram, e que teimam
em voltar ,vez em quando .
Voltam em forma de brisa , ou como uma gota de orvalho
que mancha a branca camisa .
Ainda posso ouvir o barulho das crianças correndo e brincando,
a chuva no telhado escorregando
os cajus de tão maduros caindo,
a ventania agitando os altos coqueiros,
e da cozinha sentia aquele cheiro ,
cheiro de café quentinho
leite derramando
o carteiro chamando e a carta entregando,
as moças se enfeitando e encantando,
os rapazes de olho ,sempre espreitando,
a mamãe vigiando e espantando
papai ali, sempre calado, labutando,
e botando comida na mesa para aquele bando pueril.
E assim a vida fluiu
crescemos
e tudo sumiu...
E sobraram os encantados fantasmas que passeiam
de noite
e as vezes de dia,
procuram de novo aquela antiga harmonia.
Então, de noite, depois de viver minha real vida
durmo,
e em meus sonhos,
volto pra casa,
e vivo novamente
minha encantada vida .
Minha vida
encantada
vivo novamente ...

quarta-feira, 12 de março de 2014

Apagar voce 

Muitos dias se passaram , se foram , findaram 
o tempo alonjou , e nao voltou ...
Agora recordo os amores que perdi , os amores 
ceifados violentamente , ferrozmente ...
Conscientemente jogados fora !
Os sorrisos foram apagados , ficamos de um jeito calados
calados ficamos .
Nossos amores terminaram no escuro , sozinhos , e o tempo
passou e apagou o que tinhamos de bom .
Ah !
Como eu morria de amor !
E a maquina da vida , ficou esquecida , ela nao sabe mais
nossas roupas coser .
Estamos nus , com a alma descoberta , ao vento , no meio da
ventania fria , da fria ventania .
E assim sera , e sera assim para todo o sempre que nos resta das nossas vidas ,
mais dias passaram !
E seremos que nem folhas secas , que apenas rolam , rolam
por caminhos que levam a lugar nenhum .
E vamos rolando , rolando , nos quebrando , quebrando-nos ao
cair no chao duro de nosso orgulho ...
Somos iguais ?
Somos nao !
Minha alma ainda me pertence .
Minha alma ainda voa ...
Eu posso apagar voce ...
Em minha breve vida longa , vou ficar bem longe dai ,
eu te quero um bem , longe de mim ...
Nao recordo de nada mais ,
o que fomos , agora jaz ...


Adriana Noronha

terça-feira, 11 de março de 2014

Longe de ti

E minha Lira Delirante , me acorda fazendo ecoar um 
som estridente ...
Teu espirito apagado , sem brilho e sem luz , 
regojiza-se com aqueles acordes arranhados e enfadonhos !
E em meus sonhos medonhos , te vejo , criatura vil de 
lindo sorriso .
Tua face e pura , gentil , branda , mas tua mente inflama 
um mal gigantesco .
A todos engana , a todos atrasa , a todos arrasa , tua alma 
traiçoeira e lodenta ...
Tua alva pele , esconde a escuridao de tua mente doentia , 
tua mente , tu mente , so mente ...
Transforma minha Lira , em arrames farpados em farpados 
arrames ...
E o silencio paira sobre meu corpo inerte ...
Mas minha alma voa 
como um corpo celeste , 
e saio daqui ,
vou pra longe de ti ...

Adriana Noronha

domingo, 2 de março de 2014

Balanço

Onde mora a felicidade ?
A minha morava ali naquele quintal , naquela
arvore gigante ...
Voce ja abraçou uma arvore ?
Nao !
Te chamariam de louco , maluco , doido mesmo .
Mas num belo dia ao acordar ela estava enfeitada com
um lindo balanço !
Ah !
E no balanço uma rosa Dalia lilas , olhei ao redor ninguem
ninguem mesmo ...
Mas sabia que era obra do papai , pois no laço havia uma marquinha
da graxa de suas maos , maos que entortava ferros ...
Mas que moldava tambem sonhos ...
Sentei-me , ajustei-me , tirei meus pes do chao , e fui , fui
ao mais alto de mim ...
E encostava meus dedos nas nuvens , voltava , ia de novo , vinha
voltava , ia de novo ...
E assim esquecia que o Mundo existia , envergava meu corpo para
sentir os cabelos arranhando a areia .
E as nuvens passavam , a Lua vinha , o Sol alegrava e energizava
aquele lugar ...
Mas um dia veio a noite , adormeci e acordei no mundo de gigantes ,
chamados adultos , eu era um deles , e crescera ...
E os ventos vieram , misturaram tudo , e mudaram as cores do lugar ,
entao parei de embalar meus sonhos ...
Mas fui feliz , e minhas lembranças me levam onde sempre estive ,
perto das nuvens !
Perto de mim e mais perto ainda de um pai que
falava pouco , mas fazia muito ...
Fazia muito e falava pouco ...

Adriana Noronha

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Enegrecer 

É no silêncio ensurdecedor da noite ,
que minha consciência desperta ...
E naquela imensidão escura ,
me vejo dentro de mim mesma !
Olho ao redor e visualizo tudo aquilo que
não fui , não sou e nem nunca serei .
Sempre caminho no vazio de minhas lembranças
pálidas , opacas e muito vazias ...
Sinto que serei assim , meio , metade , porção ,
fração , partida , subtraída , dividida .
Nunca um inteiro , sempre um parte de um todo ,
um pedaço ...
Só um passo .
E assim vou passando pelos caminhos ,
sem ver a relva , pisando na pedra lisa e escorregadia ...
Caminho sem ver o dia , pois nada lá havia , e o Sol se
esconde , para não ver aquilo que não sinto .
E pra mim eu minto , omito , engano , profano minha
vontade de viver ...
E minha noite esvai-se ao primeiro raio do Sol , então
lá vou eu arrastar-me durante o dia .
E ver no crepúsculo de novo o começo do meu viver e
vem a noite minha alma enegrecer ...


Adriana Noronha 
Existir 

Os acordes de minha vida , eram assim 
coloridos de gente , muita gente ao meu redor ..
As moças tão lindas em suas fardas colegiais , saias de pregas 
blusinhas branquinhas , sapatos de boneca . 
Saiam às ruas exalando seu charme , enebriando com sua beleza
os tolos garotos .
Os rapazes com porte de atletas , musculosos , lindos , em suas
fardas de soldados rasos , encantavam a todas que os vissem ...
E lá em casa o papai na oficina , inventando suas máquinas um
verdadeiro professor Pardal ...
E na cozinha um cheiro de vida , um aroma de felicidade com um
vapor de dedicação , daquela que fazia mágica ao fogão ...
E eu corria , pulava , nadava , amava , amava um Mundo todo meu , e aos domingos a casa entupia , tudo era alegria .
Mas de repente veio a noite , e mais um dia , eu crescia , e aquilo tudo sumia ...
O povo cresceu , o quintal emudeceu , e não mais amanheceu ...
E aqui me encontro , minha saudade e eu ...
Então vou à antiga vitrola , For once in my life , vou sonhar , com as
mesmas meninas , os mesmos rapazes .
Papai e mamãe ...
E para sempre bebo um pouco do elixir , que vai me fazer para sempre EXISTIR ...

Adriana Noronha 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Duas

Eu consigo ser duas , posso partir-me realmente
em duas .
Sou bonita , mas por dentro carrego a feiura que
que assombra  .
Sorrio pra voce , estando por dentro num pântano ,
aos prantos .
Tenho negros cabelos longos , mas por baixo são
tosados e esbranquiçados .
Me mostro forte ,  robusta , rosada , mas tenho uma tênue
alma , fraca e morta .
Mostro-me culta e muito perspicaz , mas  ignoro
as coisas da vida .
Eu demonstro meu amor , escondido no mais puro
rancor .
Sou fiel até o momento em que traio ...
Se eu entro , vejo tudo , não enxergo nada e logo
saio .
Mesmo no meio de uma multidão sinto-me completamente
sozinha .
Então deixa-me aqui mergulhada no meu paradoxal
Mundo .
Mundo ou fundo ou fundo Mundo , sei lá !
Deixa assim como esta , pois mesmo estando
eu não sei se estou realmente cá ...
Deixa eu ir com o vento , só ele sabe levar pra
longe meus lamentos .
Eu não acredito na vida , e nem a vida acredita
em minha nula existência .
Sou duas e tenho a certeza que nunca serei
nenhuma ...

Adriana Noronha

EU e VOCE 

Deixa o mar acalmar .
E que numa maré prateada tu volte 
pra mim , 
pra nós , 
para a nossa família ...
Lembra da nossa trilha ?
Tu e eu , eu e tu , nós dois , escondidos na relva 
mergulhados no Rio ...
Correndo sob a chuva , quando por vezes chovia , mas sempre
de mãos dadas ao Sol .
Dois mundos unidos num só mundo , um mundo encantado ,
um encantado mundo chamado
família .
Não somos dois mundos em vida separadas ...
Cadê voce ?
Cadê ?
Quanto vale o amor ?
Quanto vai valer eu e voce ?
Vem !
Não vamos nos esquecer .
Vem de novo ser , somente
Eu e VOCE .

Adriana Noronha
Castanha

O dia amanhecia quente
e a meninada saia da rede
sorrateiramente .
Corria ao quintal e lá nos esperava 
o frondoso cajueiro ,
pintado nas cores da felicidade .
O Locinha subia balançava os galhos e derrubava os cajus ,
sem querer , mas querendo
em cima de nossas cabeças ...
E nos fartávamos até inchar a barriga .
As castanhas viravam brasas em nossa fogueira pueril
mexia pra lá ,
mexia pra cá ,
o fogo pulava e agente
saltitava pra não se queimar .
E assim nossa vida fluía , e a criançada ficava
toda emborralhada por causa da castanha queimada .
Mãos pretas ,
caras pretas ,
dentes pretos
e nossa vida muito ,
muito colorida .

Adriana Noronha
Eita, já já tá pronto! 
De novo não 

Não !
De novo não ...
Que aquela cortina negra não desça de novo sobre 
nós .
Não vamos esquecer o que fomos .
Não vamos esquecer o que somos ...
Não vamos separar as estradas , eu grito aos ventos 
que o meu amor é teu , e o teu amor é meu eu , não sou eu sem 
voce , voce não é tu sem mim .
Uma metade de sou se foi , tu é a metade que ficou ...
Se fores deixarei de existir ,
eu rogo , imploro , não me deixes aqui !
São dois corações , duros , vorazes , orgulhosos , firmes ,
é , mais são também dois corações irmãos ...
Tu nem me abraçou , não olhou para traz , somente se foi
e foi assim que fiquei ...
Capengando e tropeçando nas pedras pontiagudas do nosso
orgulho que estão espalhadas no chão ...
Deixa passar a dor , deixa morrer o rancor , e vem , vem e me
dê sua mão ...
Pois somos irmãos ...

Adriana Noronha
Um lá , outro cá

Numa parede cravado , firme e forte
ele aguarda a rede que vem .
E assim segura firmemente o peso de alguém ,
cansado da lida , 
cansado da vida dura
ou da dura vida .
E o vento adentra e inventa a magia de embalar
os sonhos ...
Um par de armador , um lá outro cá , e unidos pela
rede , conseguem acalmar o mais atormentado coração .
A rede vai , a rede vem , e o mundo é desligado , o mundo
fica renovado ...
Dois artefatos separados , ligados por uma rede , que transforma-se
numa tênue linha entre o concreto e o encantado .
E aquela porta do tempo abre-se e zomba das mazelas da vida e o dia
azul do verão , vem em nuvens de paz .
E assim vem o sossego ,
o sono ,
os sonhos
e voltamos a sermos
eternas crianças
que imaginam estarem
no doce colo da mãe .

Adriana Noronha
Coisas do meu Sertão...

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sorte

Ela engana o próprio
tempo .
Se esconde dos
ventos .
Faz adormecer o
destino .
E volta a fazer aquilo que por eras sem fim ,
sempre o fez .
Zomba da morte , pois tem uma coisa infinita
chamada sorte .
Aprisiona aqueles a quem ama num Rosário de
cristal .
Reza e os protege de todo o mal ...
E assim sua vida segue , e ao seu lado sua prole se
ergue .
E o tempo se rói de inveja , daquela criatura que não o
teme .
Pois ela teima em viver ...
E lá no fundo ela é uma eterna criança , que talvez não soube
amadurecer ...
Vida longa aquelas que te fazem todos os caprichos , os mimos ,
e vontades .
E assim a vida vai ,
a vida vem ,
a vida volta e
tu estais ali
firme
rente
e forte .
Para nós essa é a maior sorte .

Adriana Noronha

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Mil anos passaram , e estarei aqui escondida no tempo ,
solta ao vento .
Sempre em busca daquilo que fomos , daquilo que hoje não
mais somos .
Sumimos no tempo , fomos levadas pelo vento , e não pudemos
nos agarrar a nada .
Pois não havia um cisco sequer , daquela grande arvore da qual
fomos fruto .
Da arvore da qual fomos geradas ...
Hoje só há o luto .
E eu perdi a alegria de um dia lutar por ti ...
Tua mão é o açoite , e minha esperança virou noite ,
escura e fria .
Mas tu bem que podia , mas não o fez .
Então passou a vez .
Cadê voce , cadê ?
Mais mil anos viram , e é assim que nossos corações estarão , em
duas vidas separadas .
Daquilo que um dia fomos ...
Hoje não resta mais nada
Vai , segue em paz .
Não olha para traz .
Ai nada tem e
aqui não tem mais nada .

Adriana Noronha
Lá ...

" Na tempestade , passam os medos e ficam as esperanças embaixo de cada fio de cabelo . "
" Diante de nossa beleza , os ventos uivam . "
De que é feita a coragem de viver ?
Na beleza dos poucos anos , desconhecemos o que gira o Mundo ,
desconhecemos o que o Mundo gira .
E o tempo vem , o tempo vai , vem ´e volta em fios de cabelos
brancos .
Em fios de brancos cabelos ...
De que me vale viver , se sei que hei de um dia morrer , se capengo
entre as pessoas vivas ...
O que serei entre os mortos ?
Verei tua face oh Deus !
Levarei comigo a Lua !
Levarei o clarão do Sol .
O cheiro salgado do mar .
Roubarei um pouco do ar .
Na mão um punhado da Terra que me viu nascer .
Só não poderei morrer de amor .
Pois morrendo , talvez eu o encontre lá .
Lá , uma palavra tão pequena , mas tão infinitamente
distante ...
Lá adiante .
Lá em casa .
Lá onde nasci .
Mas sei que vou pra , Lá não sei onde .
Então deixa eu ficar Lá ...
Lá bem dentro de mim .
Lá onde os meus ventos uivam .
Lá longe ...

Adriana Noronha
Cadê o amor ?

Eu mergulhei no mais fundo de mim ,
tentei descobrir o que sou .
Nadei nas profundezas de minha alma louca ,
de minha louca alma .
Vi o bem acorrentado , a vaidade solta , o afago cortado
em dois .
Deixei o perdão pra olhar depois , nadei mais fundo , bem
mais fundo e vi o meu MUNDO .
Cadê o amor ?
Cadê ?
Meu coração apagou , brotou no seu lugar a razão ,
e aquela medonha visão da vida , apareceu .
E tudo que era alegria , transformou-se no breu , o que uniu dois corações , morreu .
Não somos mais voce e eu , eu e voce não somos mais , um muro entre nós se ergueu .
Nossas estradas não vão mais se encontrar ...
Tentei voltar sair daquele lugar .
Cadê o amor ?
Cadê ?
Sei lá !
Procurei dentro de mim e ele não esta lá .
Dizem que o amor é paz !
Então estarei sempre em guerra , sempre em guerra estarei
contra eu mesma .
Então não posso morrer de amor e nem por
amor perdoar .

Adriana Noronha

sábado, 1 de fevereiro de 2014

 Surrealismo

As janelas de minha vida
não me mostram o Mundo .
Só vejo o surrealismo ...
Do Sol que não nasce
da Lua que não brilha .
Do oceano morto , petrificado
de florestas vermelhas , incandescentes .
Do vento que não sopra
dos pássaros sem asas .
De rebanhos de homens acorrentados
em sua existência nula e vil .


Adriana Noronha Foto: Surrealismo

As janelas de minha vida

não me mostram o Mundo .

Só vejo o surrealismo ...

Do Sol que não nasce

da Lua que não brilha .

Do oceano morto , petrificado

de florestas vermelhas , incandescentes .

Do vento que não sopra

dos pássarros sem asas .

De rebanhos de homens acorrentados

em sua existência nula e vil .

Adriana Noronha