Belo rapaz
Nesse solo fértil me criei,à sombra do bambuzal,me abrigava do sol, lá na Terra da Luz, corria pra lá e pra cá,e via lentamente a vida passar, muitas crianças ao meu redor, a caçula de oito irmãos, e um cordão de ouro um ano mais novo.
Não havia quintal mais sortido, cajús, azeitoneiras, genipapos, coqueiros, siriguelas, canapus, mangueiras, jambos, cajás, só não tínhamos sapotis, mas esse pequeno detalhe, resolvíamos roubando os da vizinha.
E ao entardecer, o cheiro da sopa de galinha, que lá chamamos canja, tomava conta da vizinhança, e o pão da padaria da Parangaba, a leiteira apitando, e chamando a meninada à mesa sentar-se, lá fora o trânsito em seu eterno vai e vem.
Na TV passava Escrava Isaura, a gente sofria junto com ela, depois da janta, as estrelas não se atreviam a iluminar o quintal encantado, que de noite ficava mal assombrado, o vovô Chiquim, passeava naqueles arredores que era seu, nos arrepiávamos só em pensar ver a alma dele que passeava entre as árvores por ele plantadas.
A Lua não aparecia, ela não se atrevia atravessar a copa fechada, só para aumentar o medo da meninada, e os mais velhos completavam a trilha do medo com suas histórias fantásticas, e de vez em quando uma rasga mortalha, rasgava o vento sombrio da noite, e um frio no cangote era inevitável.
E naquela roda todos colavam uns nos outros, e a brisa noturna se tornava gélida, de vez em quando os pássaros, batiam em revoada, nos fazendo gelar o sangue, e o espírito do vovô tomava forma.
Um moreno alto, mais de dois metros, olhos vivos de cor púrpura, braços cabeludos, unhas enormes,em formato de foice, grandes madeixas prateadas brilhantes, corpo esguio, quase esquelético, e tinha hálito de fumo de rolo bem mastigado, o homem era mesmo do outro mundo.
E as histórias eram contadas num tom misterioso e cheio de sons alucinantes, e as crianças ficavam envolvidas naquela magia, e ninguém corria, e assim a noite esperava um pouco mais, até o sino da Igreja dobrar o carrilhão doze vezes, era o momento de ficar em silêncio, e deixar a meia noite passar sossegada, uma chuva fina, espalhava aquela turma, que corria para a alcova e se escondia nas redes, enrolando os pés no lençol, e o sono vinha cheio de boas assombrações.
E ao crescer, e entrar no mundo triste dos adultos, volto àquele lugar encantado, levo comigo meus rebentos, para mostrar como era bom viver lá, quem sabe um dia o vovô, apareça a mim e eu descubra que ele era um belo rapaz.
Não havia quintal mais sortido, cajús, azeitoneiras, genipapos, coqueiros, siriguelas, canapus, mangueiras, jambos, cajás, só não tínhamos sapotis, mas esse pequeno detalhe, resolvíamos roubando os da vizinha.
E ao entardecer, o cheiro da sopa de galinha, que lá chamamos canja, tomava conta da vizinhança, e o pão da padaria da Parangaba, a leiteira apitando, e chamando a meninada à mesa sentar-se, lá fora o trânsito em seu eterno vai e vem.
Na TV passava Escrava Isaura, a gente sofria junto com ela, depois da janta, as estrelas não se atreviam a iluminar o quintal encantado, que de noite ficava mal assombrado, o vovô Chiquim, passeava naqueles arredores que era seu, nos arrepiávamos só em pensar ver a alma dele que passeava entre as árvores por ele plantadas.
A Lua não aparecia, ela não se atrevia atravessar a copa fechada, só para aumentar o medo da meninada, e os mais velhos completavam a trilha do medo com suas histórias fantásticas, e de vez em quando uma rasga mortalha, rasgava o vento sombrio da noite, e um frio no cangote era inevitável.
E naquela roda todos colavam uns nos outros, e a brisa noturna se tornava gélida, de vez em quando os pássaros, batiam em revoada, nos fazendo gelar o sangue, e o espírito do vovô tomava forma.
Um moreno alto, mais de dois metros, olhos vivos de cor púrpura, braços cabeludos, unhas enormes,em formato de foice, grandes madeixas prateadas brilhantes, corpo esguio, quase esquelético, e tinha hálito de fumo de rolo bem mastigado, o homem era mesmo do outro mundo.
E as histórias eram contadas num tom misterioso e cheio de sons alucinantes, e as crianças ficavam envolvidas naquela magia, e ninguém corria, e assim a noite esperava um pouco mais, até o sino da Igreja dobrar o carrilhão doze vezes, era o momento de ficar em silêncio, e deixar a meia noite passar sossegada, uma chuva fina, espalhava aquela turma, que corria para a alcova e se escondia nas redes, enrolando os pés no lençol, e o sono vinha cheio de boas assombrações.
E ao crescer, e entrar no mundo triste dos adultos, volto àquele lugar encantado, levo comigo meus rebentos, para mostrar como era bom viver lá, quem sabe um dia o vovô, apareça a mim e eu descubra que ele era um belo rapaz.
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Alguém que já sentou na lua.