Infância lá em casa...
Aquela prole de quatorze filhos, era assim gigante em todos os sentidos, um dos quatorze foi chamado para ser anjo, e aos oito meses foi pro céu, a mamãe sempre falava no Reginaldo, tanto que pariu outro e colocou o mesmo nome, Reginaldo.
E assim fomos nos criando naquele quintal grandioso, no centro da Fortaleza que crescia verticalmente, mas nós ali no centro da capital Alencarina, tínhamos um mundo só nosso, a casa do vovô Chiquim era assim um lugar meio místico, assombrado,mágico.
As árvores tinham formas estranhas eram quase vivas, é árvores são seres vivos, mas as nossas tinham algo a mais, o cajueiro se espalhava pelo quintal, entrava na terra, saía mais lá na frente, tinha galhos altos, frondosos, robustos, outros galhos esticavam-se, como se tentassem nos manter ali presos naquele circulo, e nos fartavam de cajus sem ranço, e á sua sombra torrávamos suas grandes castanhas, nas brasas de velhos galhos podados, quanto mais podavam mais ele se erguia sobre nós.
O Bambuzal abrigava as almas penadas, aquelas que insistiam em não ir, para o além, de dia brilhavam,à noite nos assombravam, envergavam com o vento frio da noite, e naquela cadência suas compridas e finas folhas faziam um som arrepiante, inebriante, delirante, só os adultos se atreviam em passar por baixo de sua copa no escuro da noite de brisa fria...
Ah ! Os coqueiros, enfileirados bem arrumados, muito altos, caprichosamente carregados, de doces côcos, somente um nasceu diferente, ele deu um nó, é, um nó mesmo,o meu irmão só bebia a água deles, subia desafiando o perigo, nunca caiu, de lá de cima via até lá, na puta que pariu...
A azeitoneira era muito, muito linda, de tronco que não abarcávamos num abraço, minha preferida, lá vivia o melhor amigo que tive na vida, mas só o via em meus sonhos, não sei se realmente ele existiu, ou estava somente no meu imaginário pueril.
A piscina natural, bastava cavar um metro ou dois que vinha a água nos refrescar, os saltos eram mortais, do galho do cajueiro, a meninada não se afogava, senão apanhava, o papai sempre ali a observar, butava sintido, sempre alerta.
E assim a vida foi, o tempo girou, o vento nos espalhou, nos fez adultos, a bicicleta de ferro, o carrinho de aço, o balanço, o varal amarrado aos coqueiros, tudo sumiu, a casinha do vovô Deodato ruiu, a casa grande o progresso demoliu, até a nossa rua desistiu de prosseguir, um viaduto a roubou, um metro a concretizou, não se ouve mais a algaravia da meninada, é uma rua civilizada, sem cor, sem crianças, sem o ardor da juventude militante daqueles tempos subjugados vigiados.
Mas fomos felizes, e nossas baterias foram carregadas para vivermos eternamente, sem nos esquecermos do quão fomos maravilhosamente bem criados, apesar das surras da mamãe, pé de galinha não mata pinto, e da mente fértil do papai que sempre ´providenciava um brinquedo que criança nenhuma no Benfica possuía, só nós os filhos e filhas do Seu Brasil.
O quintal ainda é nosso e continua a nos esperar, e ainda é assim um lugar meio místico, assombrado,mágico.
E assim fomos nos criando naquele quintal grandioso, no centro da Fortaleza que crescia verticalmente, mas nós ali no centro da capital Alencarina, tínhamos um mundo só nosso, a casa do vovô Chiquim era assim um lugar meio místico, assombrado,mágico.
As árvores tinham formas estranhas eram quase vivas, é árvores são seres vivos, mas as nossas tinham algo a mais, o cajueiro se espalhava pelo quintal, entrava na terra, saía mais lá na frente, tinha galhos altos, frondosos, robustos, outros galhos esticavam-se, como se tentassem nos manter ali presos naquele circulo, e nos fartavam de cajus sem ranço, e á sua sombra torrávamos suas grandes castanhas, nas brasas de velhos galhos podados, quanto mais podavam mais ele se erguia sobre nós.
O Bambuzal abrigava as almas penadas, aquelas que insistiam em não ir, para o além, de dia brilhavam,à noite nos assombravam, envergavam com o vento frio da noite, e naquela cadência suas compridas e finas folhas faziam um som arrepiante, inebriante, delirante, só os adultos se atreviam em passar por baixo de sua copa no escuro da noite de brisa fria...
Ah ! Os coqueiros, enfileirados bem arrumados, muito altos, caprichosamente carregados, de doces côcos, somente um nasceu diferente, ele deu um nó, é, um nó mesmo,o meu irmão só bebia a água deles, subia desafiando o perigo, nunca caiu, de lá de cima via até lá, na puta que pariu...
A azeitoneira era muito, muito linda, de tronco que não abarcávamos num abraço, minha preferida, lá vivia o melhor amigo que tive na vida, mas só o via em meus sonhos, não sei se realmente ele existiu, ou estava somente no meu imaginário pueril.
A piscina natural, bastava cavar um metro ou dois que vinha a água nos refrescar, os saltos eram mortais, do galho do cajueiro, a meninada não se afogava, senão apanhava, o papai sempre ali a observar, butava sintido, sempre alerta.
E assim a vida foi, o tempo girou, o vento nos espalhou, nos fez adultos, a bicicleta de ferro, o carrinho de aço, o balanço, o varal amarrado aos coqueiros, tudo sumiu, a casinha do vovô Deodato ruiu, a casa grande o progresso demoliu, até a nossa rua desistiu de prosseguir, um viaduto a roubou, um metro a concretizou, não se ouve mais a algaravia da meninada, é uma rua civilizada, sem cor, sem crianças, sem o ardor da juventude militante daqueles tempos subjugados vigiados.
Mas fomos felizes, e nossas baterias foram carregadas para vivermos eternamente, sem nos esquecermos do quão fomos maravilhosamente bem criados, apesar das surras da mamãe, pé de galinha não mata pinto, e da mente fértil do papai que sempre ´providenciava um brinquedo que criança nenhuma no Benfica possuía, só nós os filhos e filhas do Seu Brasil.
O quintal ainda é nosso e continua a nos esperar, e ainda é assim um lugar meio místico, assombrado,mágico.
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Alguém que já sentou na lua.