Lá no nosso quintal encanto era assim, se quiséssemos ver as estrelas ou a Lua, tínhamos que subir nas árvores e subir no galho mais alto, afastar as folhas e assim contemplar o céu, as estrelas e ver o brilho da Lua.
Nosso telhado era o verde de nossas enormes árvores, e algumas sustentavam nosso varal de roupas, e eram realmente muitas.
Vestidos bordados no linho,as calças de tergal azul,da escola, o uniforme do exército,as roupas do Seu Brasil, lavadas separadas por conta da graxa.
O Sol mais audacioso ,mostrava seu poder e adentrava em forma de raios celestes, e acendia o fogo de nossos corações.
E a noite era realmente escura, e do escuro saiam a passear nossas assombrações, o Vovô Chiquim, com suas mãos esqueléticas gigantes suas unhas pontiagudas, a nos tocar as costas,e assim atravessávamos o quintal correndo esbaforidos.
A Vovó Lidia vestida de marrom com um terço fluorescente nas pequenas mãos,e um olhar doce,mas que também nos fazia correr, o Tio Cesár, o Té com seu cabelo branco tipo escovinha, o olhar enigmático e apaixonado por nós seus sobrinhos,já que a Tia Maria do Carmo era seca,segundo a mamãe e não lhe deu filhos, que também nos fazia correr noite adentro.
Os coqueiros se transformavam em grandes monstros de pernas longas e finas, pareciam saídos de nossa Enciclopédia que mostrava quadros dum tal Dalí . As árvores nos engoliam e nos prendiam em seus troncos largos espessos e crespos, e não adiantava gritar os adultos não ouviam, mesmo que estivessem namorando ao pé das arvores ou apenas reunidos a fazer serenata .
Bem que a mamãe falou ...
Não vão no quintal !
Mas os quatro caçulas iam mesmo, e numa noite mais escura ainda, uma luz que mais parecia um cometa, mostrou a face do Vovô Deodato, seus olhos azuis reluziam e não nos assombramos, contemplamos aquele sonho.
Amanheceu, a mamãe soube do ocorrido, não nos assombramos, não tivemos medo.
Claro , era o papai !
Assim falou mamãe.
Então nos crescemos, e agora sabemos que era a mamãe que nos assombrava, com o que ela pensava que era nosso Vovô Chiquim, Vovó Lídia era uma Santa, e o Té fino,educado,e muito amável...
Realmente nosso terror sempre foi a mamãe.
E a sua presença nunca se esvai, daquele encantado e bem assombrado quintal encantado ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Alguém que já sentou na lua.