Não ouviram a voz do povo.
Eles tinham ouvidos de mercador.
E seria derrubado o boi marruás.
Ao crepúsculo juntaram marretas
em mãos de soldados mandados.
E o anoitecer veio cheio de lamentos, e de lá o boi olhava
aqueles pobres homens endiabrados.
E aos poucos aquela edificação, sem nenhuma função foi sendo
marretado, trucidado, ceifado.
O boi caiu ao chão, diante de olhos incrédulos do povo pacato, do pacato povo,
uns riam outros choravam...
Tem nada não, de lá o boi não sairá,
metafisicamente ele sempre estará lá.
E doravante ouvirão seu mugido de dor,
a cada aurora ele silenciará, paralelos,
transeuntes e carros tomarão o seu lugar, mas de lá ele não sairá,
e uma nova lenda se criará.
Ao crepúsculo ele surgirá, e no anoitecer vai mugir,
até fazer um vivente gelar, as bancas estarão cheias de carne fresca e vermelha,
os magarefes com suas facas afiadas,
um entra e sai de gente que já se foi,
o tilintar de moedas antigas passando de mão em mão,
num dia tórrido de verão.
Quem viveu e viu, para sempre verá o antigo açougue naquela rua oca,
antes um beco febril, animado e apertado,
será um
lugar largo
e sinistramente
mal assombrado.
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Alguém que já sentou na lua.